Título: FAO sugere revisão de política de subsídios
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2008, Agronegócio, p. B15
São Paulo, 8 de Outubro de 2008 - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) colocou em dúvida os benefícios dos biocombustíveis e pede a revisão das políticas e subsídios concedidos a título de estímulo à produção de suas principais matérias-primas, em um relatório publicado ontem, em Roma. O documento, divulgado anualmente com o título "O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação" (Sofa), analisa as vantagens e riscos dos biocombustíveis. "A produção baseada em produtos agrícolas mais do que triplicou entre 2000 e 2007. Atualmente, os biocombustíveis representam quase 2% do total do consumo mundial de combustíveis para os meios de transporte." "Apesar da escassa importância dos biocombustíveis líquidos em termos de fornecimento energético mundial, a demanda por matérias-primas agrícolas (açúcar, milho, sementes oleaginosas) para obtê-los continuará aumentando na próxima década e talvez mais adiante, incrementando a pressão sobre os preços alimentares", advertem os especialistas da FAO. A agência das Nações Unidas esclarece que o impacto dos biocombustíveis sobre o meio ambiente "nem sempre é positivo". "Uma maior produção e uso de biocombustíveis não contribuirá necessariamente para reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa tanto como se havia suposto previamente". A FAO alerta também para a reutilização de terras agrícolas para a produção de biocombustíveis. "As mudanças no uso da terra, por exemplo, o desmatamento para suprir a crescente demanda de produtos agrícolas, são uma grande ameaça para a qualidade do solo, a biodiversidade, e as emissões de gases que provocam o efeito estufa", afirmou Jacques Diouf, diretor geral da instituição. "As políticas e subsídios dos biocombustíveis deveriam ser reconsideradas com urgência para manter o objetivo da segurança alimentar mundial, proteger os camponeses pobres, promover um desenvolvimento rural de ampla base e assegurar a sustentabilidade do meio ambiente", pede a FAO. Os Estados Unidos ocupam a liderança na produção de etanol (álcool combustível), a partir do milho, com 48% do total mundial produzido em 2007. O Brasil é o segundo maior produtor, com 31% do total mundial de etanol, fabricado a partir da cana-de-açúcar. A FAO reconhece, no entanto, que os biocombustíveis apresentam uma oportunidade para os países pobres. Mas a organização ressalta que eles seriam favorecidos "pela supressão dos subsídios agrícolas e das barreiras comerciais". A organização pede que os investimentos privilegiem a pesquisa de biocombustíveis de segunda geração, porque estes não são produzidos a partir de matérias-primas alimentares, e sim da palha ou da madeira. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 15)(InvestNews)