Título: Solvay e Amanco constroem mais cisternas no semi-árido
Autor: Andrea Vialli
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/09/2004, Meio Ambiente, p. A-6
Apoio das empresas permitiu a instalação de 80 unidades na Bahia. A construção de cisternas no semi-árido nordestino, que possibilita que as famílias armazenem água da chuva por até oito meses, tem avançado com o apoio da iniciativa privada. A petroquímica Solvay Indupa e a Amanco, fabricante de tubos e conexões, farão a entrega, nesta quarta-feira, de segundo lote de cisternas no município de Lamarão (BA), a 160 quilômetros de Salvador.
As empresas estão apoiando a iniciativa, que faz parte do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), desenvolvido e gerenciado por organizações não-governamentais e que tem como meta a construção, em cinco anos, de um milhão de cisternas nos estados da região Nordeste e também em Minas Gerais e Espírito Santo. As cisternas acumulam água da chuva e proporcionam melhores condições de saneamento para as comunidades, obrigadas a buscar água barrenta em poços.
O apoio ao P1MC começou no ano passado. Juntas, a Solvay e a Amanco investiram R$ 240 milhões na construção de 140 cisternas em seis municípios baianos, próximos a Feira de Santana, o que já beneficiou 61 famílias. Além das cisternas, que tem um custo da ordem de R$ 1.000, o dinheiro cobre as despesas com ações educativas junto à população, que abrange noções de higiene, tratamento e uso racional da água. "O investimento é mínimo e o resultado, enorme. A melhoria nas condições sanitárias permitiu que a incidência de diarréia diminuísse em torno de 98%, após o uso das cisternas", afirma Edson Carlos, diretor de relações institucionais da Solvay Indupa. "Com a entrega desse segundo lote de 80 cisternas, pretendemos chamar a atenção para que outras empresas passem a apoiar o programa", diz Carlos.
O envolvimento da iniciativa privada é vital para que o P1MC avance. Embora neste ano tenha recursos da ordem de R$ 27,5 milhões, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o número de cisternas construídas está ainda aquém das expectativas. Desde 2000, foram 55 mil. "É necessária uma adesão maior por parte das empresas. O investimento pode ser abatido no Imposto de Renda", afirma Newton Freire, coordenador do programa de recursos hídricos do Movimento de Organização Comunitária (MOC), que gerencia a construção de cisternas na região de Lamarão e faz a triagem das famílias que serão atendidas.
Todo o material usado para a construção das cisternas - placas de cimento, calhas e tubulação de PVC - são fornecidos pela Amanco, que usa o know-how adquirido na experiência para desenvolver produtos. "O apoio ao programa nos possibilita conhecer melhor a realidade do semi-árido brasileiro e agregar soluções viáveis aos produtos que fabricamos", afirma Paulo Harry Schmalz, presidente da Amanco.
Parceria com o BNB
Segundo Paulo Schmalz, da Amanco, a meta agora é dar sustentabilidade ao programa, de modo que sua ampliação não dependa apenas de doações. Para isso, a empresa está negociando uma parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para desenvolver linhas de financiamento com juros subsidiados para a construção de cisternas e viabilizar outros programas para desenvolver a economia da região. "Ainda não definimos como será a parceria, mas pode abranger financiamento para a construção de cisternas, linhas de créditos para cooperativas e apoio para a produção de artigos de sisal, meio de subsistência comum na região", acrescenta Schmalz.
kicker: Melhoria das condições sanitárias reduziu em 98% a ocorrência de doenças