Título: Partidos de oposição perdem espaço em número de prefeitos
Autor: Bruno, Raphael ; Seabra, Marcos
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2008, Política, p. A8

Brasília e São Paulo, 7 de Outubro de 2008 - Os partidos de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeram 376 prefeitos a menos do que em 2004. DEM, PSDB e PPS saíram das urnas no domingo passado com uma fatia bem menor de municípios para administrar nos próximos quatro anos, enquanto partidos da base, como PSB, PCdoB e o próprio PT ampliaram significativamente o número de prefeitos eleitos em comparação com 2004. Entre os oposicionistas a queda mais impressionante foi a do PPS. O número de prefeitos eleitos pelo partido foi reduzido para menos da metade do que a legenda conseguiu eleger em 2004. Foram 180 prefeitos a menos em todo o País. O DEM também perdeu espaço e elegeu 295 prefeitos a menos. Foram 494 democratas eleitos para administrarem Executivos municipais pelos próximos quatro anos contra 789 que haviam sido eleitos em 2004, uma queda de 37,38%. O PSDB não se saiu muito melhor. Os tucanos elegeram 780 prefeitos por todo o país, 99 a menos do que os 879 que chegaram ao poder municipal em 2004. No movimento inverso, os partidos da base ampliaram o número de prefeitos eleitos. O PMDB saiu dos 1.065 em 2004 para 1.194. O PT elegeu 29,85% a mais de prefeitos, 548 nestas eleições contra 422 de quatro anos atrás. Da mesma maneira, o PSB conquistou 309 prefeituras, 73,59% a mais do que as 178 obtidas em 2004. Outro aliado do governo, o PCdoB, quadruplicou o número de prefeituras sob seu comando, de 10 para 40. Outros partidos da base, como PDT, PV e PSC também cresceram. O partido do vice-presidente José Alencar, o PRB, que não existia em 2004, estreou em pleitos municipais conquistando 54 prefeituras. Para a cientista política e professora da Universidade de São Paulo (USP), Maria do Socorro, o resultado das eleições em São Paulo, onde Gilberto Kassab (DEM) surpreendeu e terminou o primeiro turno a frente da rival Marta Suplicy (PT), acabou ofuscando o avanço governista nestas eleições. Mas, de acordo com Socorro, "os número falam por si" e expressam o crescimento dos partidos da base. "Esse resultado está ligado à avaliação positiva das forças que hoje compõem o governo federal e ao potencial de crescimento dos quadros destes partidos", resume a cientista política, acrescentando que a projeção para a sucessão presidencial de 2010, principalmente para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ficou bem mais animadora após o pleito de domingo. "Observando hoje o cenário podemos concluir que o candidato que vier a representar essas forças daqui a dois anos vai obter grande apoio nos municípios. A candidatura de Dilma pode se alavancar na medida que consiga traçar o quadro de continuidade dos projetos dos grupos que hoje governam", acrescentou. Mesmo diante da redução no número de prefeituras comandadas, a oposição se mostrou animada com o resultado das urnas e falava ontem em Brasília que a "onda vermelha" que muitos acreditavam iria ocorrer nestas eleições, em referência a um suposto crescimento exponencial do PT, não havia nem mesmo chegado à praia. "Diante de uma previsão catastrófica feita para a oposição, da idéia de que onde o presidente chegasse iria alavancar seus candidatos, o resultado foi muito bom", avaliou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ontem ao fazer um balanço das eleições. "Essa história de fantasma do Lula não existe. As pessoas acham que Lula é o cara, mas caras não fazem milagres. Ninguém é dono do povo brasileiro. O presidente Lula pensou que podia ser e está claro que não é", alfinetou o tucano. Guerra desdenhou da quase centena de prefeitos a menos eleitos pelos tucanos nestas eleições municipais e comentou que o número não tinha "a menor relevância" ou "significado político" porque, segundo o senador tucano, o que importa é o fato de que em grandes cidades o rival PT não foi tão bem quanto esperava. Já a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) comemorou o desempenho dos partidos da base e afirmou que o resultado das eleições "consagra o PT como um partido que está presente nos pequenos, médios e grandes municípios". "Um partido que sabe governar, que governa para todos e para os que mais precisam", concluiu a senadora. A máquina administrativa - municipal, estadual e federal - e os institutos de pesquisa foram eleitos pelo presidente nacional do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ) como alguns dos principais adversários da legenda nas eleições municipais. "Em várias capitais onde disputamos conquistamos resultados contra máquinas (administrativas) basicamente, tanto municipal, como estadual e federal, e às vezes contra os institutos de pesquisa", criticou o presidente do DEM. Porém, Maia avaliou que o partido saiu-se bem na disputa, inclusive surpreendendo, como em São Paulo. "A perfomance foi boa, o partido cresceu em número de votos nas capitais de 12% para 15%, fomos para o segundo turno na principal cidade do Brasil - São Paulo - de forma surpreendente para vocês (imprensa) e até para os institutos de pesquisa, e cumprimos um papel brilhante em outras cidades apesar de não termos ido para o segundo turno", completou. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Raphael Bruno e Marcos Seabra)