Título: Correa ameaça expulsar Petrobras
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/10/2008, Internacional, p. A18

Quito, 6 de Outubro de 2008 - O presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou neste sábado nacionalizar e expulsar do País as companhias petrolíferas privadas, caso elas não aumentem a produção nas áreas concessionadas na região amazônica. A ameaça vem poucos dias após a expulsão do país da construtura brasileira Odebrecht, empresa com um longo histórico de trabalho na região, sob a acusação de falhas na construção da segunda maior hidrelétrica do Equador. A advertência do presidente às petrolíferas foi feita logo após ele ter obtido o amplo apoio dos equatorianos para implementar uma nova Constituição, que aumenta o controle estatal na economia, reforça seus poderes e autoriza a reeleição imediata. "Não brinquem com fogo. Ou aumentam a produção ou vão ter que deixar o país. Invistam, aumentem a produção ou vão embora", disse Correa em seu programa de rádio semanal, ao se referir às principais petrolíferas que operam no território andino. O presidente ameaçou também a Petrobras com a estatização das jazidas da empresa por conta da demora da companhia em transferir para o controle estatal o bloco 31, localizado nas imediações do Parque Nacional Yasuní, um dos mais importantes do país, e que ainda não foi explorado. "Chegamos a um bom acordo e estão demorando. Se levarem muito mais tempo, vou nacionalizar e expulsá-los do país", acrescentou o presidente. A petrolífera brasileira e o governo acordaram no mês passado a transferência para controle estatal do bloco petrolífero, em uma negociação global que impulsiona Correa a trocar a modalidade contratual das atuais companhias sócias a meras operadoras das áreas de concessão. Enquanto isso, a Petrobras analisa subscrever diretamente o contrato de prestação de serviços. A assessoria de imprensa da empresa diz que só irá se manifestar publicamente após comunicado oficial do governo equatoriano. Correa disse que as petrolíferas reduziram os níveis de produção em cerca de 13 %, devido a suspensão dos investimentos à espera das decisões do governo e do referendo sobre a nova Constituição. O Equador produz cerca de 500 mil barris de petróleo diários, incluindo a produção da estatal Petroecuador e das companhias privadas. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 18)(Reuters e redação)