Título: Estatais dominam leilão de transmissão
Autor: Morais, Márcio de
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/10/2008, Infra-Estrutura, p. C6

Rio de Janeiro, 6 de Outubro de 2008 - As estatais de energia dominaram o leilão de linhas de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e arremataram 5 dos sete lotes licitados na sexta-feira no Rio de Janeiro. A Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás, arrematou dois lotes; Furnas, Eletrosul e Chesf ficaram com um lote cada uma. A Neoenergia, que tem participação societária de espanhóis, arrematou um lote. O outro, localizado no Rio Grande do Sul, não teve interessados. O deságio médio do leilão de linhas de transmissão foi de 37,62%. Nesse tipo de leilão, vence a disputa quem oferece a menor receita anual, ou seja, a empresa que propor a menor cobrança de tarifa. O maior deságio foi oferecido pelo grupo Neoenergia, de 60%, para a construção de uma linha de transmissão na Bahia. As linhas de transmissão entrarão em operação em prazos que variam de 16 a 24 meses após a assinatura dos contratos. O diretor da Aneel, Edvaldo Santana, creditou a baixa participação dos grupos estrangeiros à crise financeira mundial e ao pequeno porte dos empreendimentos. "(A ausência das estrangeiras) pode ser por causa da crise financeira. Se tivesse mais estrangeiras, talvez o deságio fosse maior, mas não podemos esquecer que esse é um leilão cuja receita teto máxima era de R$ 70 milhões, portanto era um leilão pequeno, que não atrai tantos interessados como outros. A ausência pode ser por isso também", explicou. Ronaldo Custódio, da Eletrosul, subsidiária da Eletrobrás, reconhece que a crise internacional prejudicou o leilão. "Aparentemente, houve o impacto da crise, mas precisamos analisar isso com um pouco mais de calma porque o maior deságio foi apresentado por uma empresa com participação espanhola", disse. "Madeira é o filé mignon" É consenso entre analistas de que deverá haver uma participação mais forte de estrangeiras no leilão de linhas de transmissão das usinas do Rio Madeira, que será realizado no fim deste mês. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, aposta em um apetite maior das empresas, nacionais ou estrangeiras, privadas ou estatais, no complexo do Rio Madeira. "O Madeira é o filé mignon de transmissão. Os sinais que temos é que vai ter competição, e acirrada. A parte ambiental é tranqüila e é um bom projeto", disse Zimmermann a jornalistas após participar da cerimônia de posse do novo presidente de Furnas, Carlos Nadalutti. Zimmermann citou ainda que o investimento para a construção das linhas do Madeira será de aproximadamente R$ 7 bilhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo o executivo, vai financiar parte do projeto. As linhas entrarão em operação em 2012. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Reuters)