Título: Brasil avança em índice de competitividade
Autor: Assis, Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/10/2008, Internacional, p. A12

São Paulo, 9 de Outubro de 2008 - O Brasil recuperou oito posições no ranking geral do Relatório Global de Competitividade (GCR) do World Economic Forum (WEF) 2008/2009, mesmo sem promover reformas estruturais que acelerassem seu crescimento. Suportado por pequenos ganhos marginais nos diversos itens avaliados e pela combinação de mercado interno em expansão, setor produtivo sofisticado e sistema financeiro sólido, o País saiu do 72º para 64º entre os 134 países analisados. Segundo o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, "não há nenhum dos pilares avaliados em que o Brasil tenha dado um pequeno salto". De acordo com Arruda, "essa soma de migalhas fez com que o País ganhasse oito posições". O estudo avalia 12 pilares básicos de competitividade referentes a transparência das instituições, estabilidade econômica, mercado de trabalho e inovação, entre outros itensO desempenho positivo relativo a sofisticação empresarial e inovação se contrapõe às avaliações negativas quanto à macroeconomia, transparência das instituições, saúde e infra-estrutura. Esta ambivalência mostra que o Brasil repete o comportamento "imprevisível" registrado nas pesquisas anteriores. As dimensões do mercado brasileiro, a presença de empresas multinacionais que ajudaram a tornar o ambiente de negócios e tecnológico mais sofisticado e a inserção do País na cadeia produtiva internacional ajudaram a desenvolver a estrutura empresarial local, comenta Arruda. A influência da iniciativa privada na economia levou o País para a 35ª posição em sofisticação empresarial e ao 43 posto em inovação. Várias empresas brasileiras como Cia. Vale do Rio Doce (Vale) e Petrobras, usaram esta plataforma para alcançar um novo patamar, afirma Arruda. O Brasil recuperou posições na avaliação das instituições do País e ficou em 91º lugar no ranking. Esta evolução foi atribuída principalmente ao comportamento do setor privado. As instituições públicas ainda são vistas como instáveis em relação a ética e eficiência. O estudo registrou reação em relação a estabilidade macroeconômica e deixou o País na 122 posição, distante ainda do 114 lugar de 2006. Fatores como a dívida pública elevada, baixa poupança interna e taxas de juros elevadas ainda pesam na avaliação do mercado. De acordo com Arruda, o processo de transformação da economia brasileira é lento e o País permanece atrasado na solução de problemas de baixa complexidade como infra-estrutura, educação e saúde ."As reformas do sistema tributário e trabalhista não aconteceram", comenta o professor da Fundação Dom Cabral. A economia brasileira foi impulsionada por pequenos ganhos de confiança e de absorção de tecnologia. "O País como um todo ganhou de 2007 a 2008 um espírito mais positivo. O governo mostrou que está na direção adequada mas não tem ritmo para fazer a transformação", afirma. Estes avanços mostram ainda que existe uma difusão de ganhos nos vários itens analisados. Esta disseminação pode indicar que o País está "na direção favorável para criar condições de crescimento sustentável". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Jaime Soares de Assis)