Título: Para cada ano de estudo, renda aumenta 15%, mostra a FGV
Autor: Vizia, Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/10/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 10 de Outubro de 2008 - Para cada ano de estudo há, em média, um aumento de 15% nos rendimentos do trabalhador brasileiro. O salário médio de uma pessoa analfabeta está em R$ 401, enquanto para aqueles que possuem pós-graduação este valor é de R$ 5.027, apontou a pesquisa "Você no Mercado de Trabalho", divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para Marcelo Cortes Neri, coordenador da pesquisa, o jovem brasileiro ainda não tem clara a consciência da importância da educação em sua vida e seus rendimentos futuros. "Já existe uma literatura bastante sólida sobre a relação educação e renda, e o objetivo do estudo é trazer estas informações, e torná-las o mais úteis possível para o jovem." Taxa de retorno Os dados mostram que a taxa de retorno, ou seja, os ganhos obtidos para cada ano investido na escola, caiu 16% em relação a 2003 no Brasil, mas ainda é bastante alta no País, quando comparada aos padrões internacionais, diz Neri. "De zero para quatro anos de estudo, o salário cresce 11,64% para cada ano estudado, mas quando a escolaridade passa de 14 para 18 anos, o salário aumenta 35,65% por ano de estudo, por isso a taxa de retorno apresenta rendimentos crescentes", salienta o economista da FGV. Ele avalia que essa relação explica porque "quem tem menos educação não vê de maneira tão clara um aumento proporcional do salário com mais estudo, enquanto para os que já possuem mais anos de escolaridade, esse ganho é mais evidente". Neri considera que há muito a se trabalhar para aumentar a conscientização sobre o tema. "O jovem não vê a educação como um bom investimento sob a ótica do prêmio a ser recebido", avalia o pesquisador. A quantidade de anos nos bancos escolares se traduz não só em melhorias financeiras, mas também incide diretamente na probabilidade de encontrar trabalho. De acordo com a pesquisa, a taxa de ocupação aumenta 3,38% por ano de estudo. "Para quem pode estudar, é uma boa notícia", afirma Neri. Entretanto, "uma outra maneira de ler esse dado é que a educação amplifica e é responsável por uma boa parte da desigualdade de renda em nosso país", frisa o coordenador da pesquisa. Regionalização De 2004 a 2007, os salários no Brasil cresceram 4,84% ao ano, com alguma variação entre regiões. No mesmo período, indica a pesquisa, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste os salários cresceram anualmente a 5,8% e 5,7% respectivamente, e no Sul, que possui o maior índice de educação do País, cresceu a 4,27% ao ano. Um desdobramento deste dado, segundo o economista, "é que a educação perdeu um pouco a capacidade de determinar o salário". Ele explica que a educação ainda é o fator mais importante para a composição dos rendimentos, "mas em locais como Sul e Sudeste, com maior índice de pessoas com melhor nível educacional, ela pesa menos". No Nordeste a taxa de retorno é de 17% e de 12% no Sul, respectivamente as regiões com o menor e maior índice de educação. "Essas altas taxas indicam que ainda falta dar seqüência ao movimento de escolarização, iniciado na década de 1990, para reduzir a desigualdade de renda no Brasil", conclui Neri. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Bruno De Vizia)