Título: Sem pedidos, usina suspende produção
Autor: Guimarães, Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/10/2008, Nacional, p. A6

Belo Horizonte, 10 de Outubro de 2008 - A siderúrgica Pitangui, principal indústria do conglomerado empresarial do ex-governador Newton Cardoso anunciou ontem que vai conceder férias coletivas de um mês para os 1.200 empregados a partir da próxima quarta feira, suspendendo a produção mensal de 18 mil toneladas de ferro-gusa. A iniciava decorre do cancelamento de praticamente todas as encomendas do exterior, que são responsáveis por 70% faturamento da usina que no ano passado foi de R$160 milhões. A empresa planejava faturar R$200 milhões em 2008, mas segundo o presidente, Newton Jr., filho do ex-governador, a companhia talvez não repita, sequer, o faturamento do ano passado. "Fomos atingidos pela crise internacional, que é maior que uma simples marola. A empresa está saudável do ponto de vista financeiro, mas não podemos produzir se não há compradores", declarou. Ontem, o Sindicato da Indústria do Ferro (Sindfer) informou que 20% dos alto-fornos existentes no estado já foram desligados por falta de encomendas. Também circulou a notícia que a siderúrgica Itaminas apagou um dos dois alto-fornos da sua subsidiária Itasider, reduzindo em 25% a produção de 40 mil toneladas mensais de ferro-gusa. "O mercado está praticamente parado. As empresas do setor acumulam estoques e por isso estão sendo obrigadas a tomar medidas de redução da produção, disse Afonso Henrique Paulino, presidente da siderúrgica Siderpa e diretor do Sindfer. Os cerca de 20% dos fornos paralisados representam quase 20% do total em atividade em Minas Gerais. O gusa é produzido a partir do minério de ferro e do carvão vegetal ou mineral. É o primeira fase de um processo industrial que resulta no aço e a exportação é vantajosa, em relação à de minério de ferro, pois, como agrega valor, é exportado em média por US$350 por tonelada, ante os US$ 80 por tonelada de minério de ferro. A Pitangui é uma das maiores produtoras de ferro-gusa de Minas Gerais, com capacidade para produzir 30 milhões de toneladas anuais. Antes da crise, a empresa planejava investir US$100 milhões em uma usina de produção de tarugos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Durval Guimarães)