Título: A Odebrecht se comportou muito mal
Autor: Morais, Márcio de
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/10/2008, Internacional, p. A16
Quito, 10 de Outubro de 2008 - O Equador vai assumir de forma definitiva os projetos que eram de responsabilidade da construtora brasileira Odebrecht depois de descartar um possível acordo com a empresa, que, apesar de sua decisão de compensar os danos em uma das obras, deverá sair do país, informou ontem o governo. "Já tomamos a decisão de assumir a responsabilidade total como governo e equatorianos de tudo o que tenha a ver com a Odebrecht", disse o ministro coordenador de Áreas Estratégicas, Galo Borja, ao canal Teleamazonas. O governo equatoriano ordenou no final de setembro o confisco dos bens da empresa e a militarização das obras que haviam sido adjudicadas a ela, por se recusar a pagar uma indenização pelos danos que tiraram a hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país, de funcionamento. Junto a esse caso, o Executivo avalia a possível nacionalização dos poços petrolíferos que explora a também brasileira Petrobras (com 32 mil barris diários) frente a sua renitência a modificar seu contrato. A Odebrecht tinha sob sua responsabilidade a construção de outro projeto hidrelétrico (por US$ 458 milhões), um sistema de irrigação, um aeroporto na cidade amazônica de Tena e uma obra com múltiplas finalidades. "Tomamos a decisão de assumir a responsabilidade dos quatro contratos que a Odebrecht tem e devemos levá-los adiante", reiterou Borja. A companhia brasileira havia anunciado sua disposição de pagar as compensações e aceitar as condições do Equador, mas as autoridades "encontraram irregularidades em todos os sentidos" que tornam inviável sua permanência no país, segundo o ministro ."(A construtora) nos está tratando como um país de última categoria e não podemos permitir isso", expressou o funcionário. "A Odebrecht tem prestígio mundial, mas conosco se comportou muito mal. Qualquer presidente ou empresa poderá se dar conta de que eles não agiram bem", acrescentou. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 16)(AFP)