Título: BC mantém intervenção e derruba dólar
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/10/2008, Finanças, p. B2

10 de Outubro de 2008 - Após dois leilões do Banco Central (BC), o dólar comercial voltou a fechar com queda frente ao real, devolvendo parte dos ganhos das últimas semanas. A moeda norte-americana fechou com desvalorização de 2,76%, cotada a R$ 2,217 na venda. A autoridade monetária realizou ontem um leilão com swap cambial no qual foram vendidos 53% do lote, ou seja, 18,65 mil contratos, no total de U$S 911 milhões. Neste tipo de operação, o BC assume posição ativa em câmbio e passiva em taxa de juros, o que injeta recursos no mercado e colabora para a depreciação do dólar. O BC também fez dois leilões de venda direta de dólares sem compromisso de recompra, utilizando os recursos das reservas, próximas de US$ 208 bilhões. "O Banco Central tem agido certo em fazer leilões de dólar à vista sem compromisso de recompra, mas esperou muito para entrar. Apesar da queda na cotação, no mercado futuro continua a disputa para puxar a taxa para cima", avalia o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. Em meio aos problemas do sistema financeiro mundial e a falta de liquidez, a corrida por proteção fez o real se desvalorizar 34,8% frente ao dólar entre 1º de agosto e 8 e outubro, revelou estudo da consultoria Economática. Entre as moedas dos países estudados, a divisa brasileira é a que mais se desvalorizou em 2008. No ano, a baixa é de 26% - a terceira maior desde o início do Plano Real, em julho de 1994. De 1º de agosto até quarta-feira, o dólar Ptax venda se valorizou 53,4% frente ao real, constatou a consultoria. A moeda norte-americana, no mesmo período, subiu 30,8% sobre o peso mexicano, 29,2% frente ao peso colombiano, 17,6% ante o peso chileno, 13,4% frente ao euro e 5,9% sobre o peso argentino. Em outubro, até a quarta-feira, a moeda norte-americana se valorizou 24,5% sobre o real, o que ocasiona a desvalorização do real em 19,7%. Em 2008, a valorização do dólar é a terceira maior desde o Plano Real. As duas maiores aconteceram no ano de 1999 (48,01%) quando da liberação do câmbio e no ano de 2002 (52,27%) ano pré-eleitoral para presidência da República. No mercado de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos fecharam em queda. O DI de janeiro de 2010, o mais líquido, registrou taxa anual de 14,75%, ante 14,94% do ajuste anterior. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes e Simone e Silva Bernardino)