Título: Legislativo deve sair da inoperância e articular soluções
Autor: Saito, Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/10/2008, Nacional, p. A6

13 de Outubro de 2008 - O Brasil tem chance de atravessar a crise financeira global com menos prejuízos, mas isso depende do que os empresários e o governo vão fazer. "O que o governo está fazendo é correto, que é gerar capacidade de crédito para as empresas neste momento, mas é preciso fazer mais, por exemplo, aumentar a taxa de investimentos públicos", afirma o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lucio. Na opinião dele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo ao convocar o Congresso Nacional para o debate sobre o que o País pode fazer para mitigar os efeitos negativos da crise. "A crise não é pequena e o Legislativo também precisa se engajar na busca de soluções. É uma boa hora para os parlamentares saírem da inoperância", critica. "Preservar o mercado interno e evitar o desemprego é o rumo do caminho que deveria ser trilhado. "Nesse sentido, um aumento da taxa de investimento público - em torno de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2007 - viria a calhar, uma vez que as finanças dos estados e municípios estão relativamente equilibradas e a União não tem mais uma dívida externa como no passado. "Existem várias coisas que o Brasil precisa fazer e pode fazer agora para atravessar esse momento difícil de uma maneira menos traumática", acentua Clemente. Ao contrário da Europa, "que terá de arranjar saídas criativas para evitar um aumento brutal do desemprego, aqui poderia ser feito um grande programa de habitação popular e saneamento, por exemplo", argumenta. "Investir dinheiro público com essa finalidade é melhor do que para socorrer banco, como o ocorrido nos Estados Unidos." Entretanto, tudo isso requer uma articulação política firme. "Manter a atividade econômica aquecida gera emprego e renda, que geram tributos, enfim, um círculo virtuoso", diz Clemente. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(L.L.)