Título: Empresários vêem crise durar dois anos
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/10/2008, Finanças, p. B3
São Paulo, 13 de Outubro de 2008 - As empresas brasileiras e multinacionais instaladas no Brasil acreditam que a crise no sistema financeiro vai durar dois anos e terá impacto médio na economia brasileira, revelou uma pesquisa elaborada pela QuórumBrasil entre os dias 29 e 31 de setembro. Foram entrevistados 80 presidentes e diretores de companhias de capital nacional e estrangeiro com sedes nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Entre os entrevistados, 61% respondeu que a crise terá mais dois anos de duração, 36% acredita que terá longa duração (de três a cinco anos) e 3% pensa que terá curta duração (até seis meses). Em relação ao impacto da crise no Brasil, a maioria dos executivos (71%) acredita que os efeitos serão de média intensidade, 22% acha que será de leve intensidade e 7% pensa que será a economia doméstica sofrerá muito. Os executivos de empresas multinacionais no Brasil se mostraram mais pessimistas em relação ao impacto da crise na economia brasileira: 78% acha que os efeitos serão de média intensidade, contra 67% dos executivos brasileiros com a mesma opinião. Acreditam que os efeitos serão leves 23% dos executivos brasileiros e 20% dos estrangeiros. Já 10% dos executivos brasileiros espera que os efeitos sejam intensos, contra 2% dos executivos estrangeiros. Ajuste na margem A maioria dos executivos, 71%, acha que as empresas do segmento financeiro serão mais impactadas pela crise norte-americana, enquanto que 52% acha que o setor industrial sofrerá mais e 48% acha que as empresas de comércio exterior serão as mais prejudicadas. Já 36% dos consultados pensa que o setor imobiliário sentirá os efeitos da crise e 32% aposta que o turismo diminuirá. Para 29% dos entrevistados, o consumo se deteriorará, 26% respondeu infra-estrutura como a mais prejudicada e 24%, serviços. A questão permitia respostas múltiplas. Ajustar preços e custos é uma solução para enfrentar a crise para 31% dos consultados, sendo 37% executivos de empresas de capital nacional e 25% executivos de empresas de capital estrangeiro. Já 26% acredita que o melhor é adequar os investimentos, sendo 15% dos executivos de capital nacional e 35% dos executivos de capital internacional. "Podemos entender esta adequação dos investimentos e diversificação de negócios como a busca de mercados menos turbulentos para investir e o Brasil é visto como um porto mais seguro neste cenário", disse o sócio-diretor da QuórumBrasil, Claudio Silveira. Cerca de 19% quer melhorar a qualidade dos produtos, sendo 22% de capital nacional e 14% de capital internacional. Para 14% investir em capacitação profissional é uma alternativa, sendo que 19% são executivos de empresas de capital nacional e 10% executivos de empresas de capital internacional. Pretendem investir na marca 8% dos entrevistados, sendo 4% dos executivos brasileiros e 12% executivos estrangeiros e 4% afirma adequar a produtividade, sendo 3% de empresas de capital nacional e 4% empresas de capital internacional. "As empresas acreditam que a competitividade no mercado interno vai aumentar com a crise, o que significa que não é hora de congelar os investimentos", diz. Investimento mantido A maior parte das empresas, 53%, pretende manter os investimentos no próximo ano, enquanto que 27% tem intenções de aumentar e 20% diminuir. No entanto, companhias de capital brasileiro e estrangeiros têm perspectivas diferentes para o próximo ano. A maioria das empresas de capital nacional, 72%, afirma que vai manter os investimentos, contra 25% das empresas de capital internacional. Já 15% das empresas brasileiras diz que vai aumentar os investimentos, face a 45%das empresas de capital internacional. Pretendem diminuir os investimentos 13% das empresas brasileiras e 30% das internacionais. Quando questionados sobre onde pretendem investir em 2009, 32% dos entrevistados respondeu marketing e vendas e 24% respondeu máquinas e equipamentos. Já 19% quer investir em produção e processos e 13% em treinamento e capacitação. Investir em desenvolvimento e inovação é prioridade para 8% dos pesquisados e investir em expansão e aquisição é alternativa para 4% das empresas. Cerca de 34% dos entrevistados acha que competência em custos vai garantir o sucesso no próximo ano e 24% acredita que a qualidade do produto é o principal fator. Para 18% dos consultados, profissionais comprometidos é importante e 12% aposta em relacionamento e satisfação. A minoria, 8% dos entrevistados, acha que a imagem da marca será decisivo e 3% aposta em serviços competentes. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Ana Cristina Góes)