Título: PT tem pressa em lançar nome para presidir Câmara e Senado
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Fonte: Gazeta Mercantil, 14/10/2008, Política, p. A7

Brasília, 14 de Outubro de 2008 - A quatro meses da eleição que vai decidir o novo comando do Senado, partidos da base aliada e da oposição começam a se movimentar. E, ao que tudo indica, a escolha daquele que vai articular as ações do Congresso nos dois últimos anos do governo Lula está mesmo nas mãos do PMDB, a maior bancada. Tanto governistas quanto oposicionistas esperam uma definição dos peemedebistas para apresentarem suas armas. Se o PMDB colocar um nome do partido na disputa, até a oposição indica que pode manter a tradição de apoiar o candidato da maior legenda e evitar um confronto. Mesmo com a sucessão ainda sendo tratada nos bastidores, os petistas têm pressa e querem marcar espaço. Pretendem discutir e oficializar a pré-candidatura do senador Tião Viana (PT-AC), depois do fim do segundo turno das eleições municipais. Contam com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pediu aos caciques do PMDB uma atenção à candidatura do petista. Unanimidade A idéia é mostrar, durante um jantar na casa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que Viana é unanimidade da bancada. Entre os partidos da base aliada, Viana não encontra resistência declarada. PCdoB e PDT, por exemplo, o avaliam como um bom nome e aguardam a oficialização da candidatura para fechar questão. "É um bom nome", disse o líder do PDT no Senado, Osmar Dias (PR) que acrescenta: "Se for consenso no PT, para nós não tem problema". Para o líder do PSB, senador Renato Cassagrande (ES), a candidatura de Viana tem que ser melhor discutida pela base. "É um nome importante a ser considerado . Mas a escolha do presidente do Senado tem que ser um tema trabalhado, discutido e de preferência de consenso entre governo e oposição", pondera Cassagrande. A sucessão ainda é abordada com cautela por líderes do PSDB e do DEM, que são a segunda e terceira bancada, respectivamente. Esperam o PMDB bater o martelo se apoiará a candidatura de Tião Viana ou se lançará um nome como o do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que anunciou o retorno ao Senado para janeiro ou do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que também foi sondado a voltar. Ontem, em Ponta Grossa, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o líder do partido do Senado, Arthur Virgílio (AM), e o vice-líder Alvaro Dias (PR), trataram do tema e destacam que o processo para substituir Garibaldi Alves (PMDB-RN) tem que ser independente da Câmara. "Se o nome for do PMDB, mantemos a tradição . Se o PMDB apoiar um petista não aceitamos. O PT é a quarta bancada, portanto, seria um desrespeito com os partidos", argumentou Dias. Renan As articulações para a sucessão no Senado prometem devolver, em grande estilo, o cacife político do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A expectativa é de que o ex-presidente do Senado, que deixou o cargo para salvar o mandato, volte à cena política como líder do governo no Senado ou como líder do PMDB na Casa. As propostas estão em discussão entre a cúpula do partido e o Palácio do Planalto e contam com a simpatia do presidente Lula. O afago em Renan, na realidade, é um a manobra para dar fôlego a candidatura do petista Tião Viana (AC). O grupo peemedebista de Renan e do ex-presidente José Sarney (AP) não apóiam o nome do petista. Uma retaliação ao período em que Renan sucumbiu - quando diariamente era bombardeado por causa de um affair com uma jornalista, que se transformou em crise familiar e caso de Estado diante das denúncias de que uma empreiteira teria pagado suas despesas pessoais - e Viana assumiu seu cargo e, segundo peemedebistas, pouco fez para salvá-lo da crise. A possível reviravolta de Renan não surpreende governistas e oposicionistas. Depois das turbulências, Renan se distanciou dos holofotes, fez poucos discursos, mas continuou atuando pelo PMDB nos bastidores. Mantém canal aberto com pelo menos quatro ministros: Dilma Rousseff (Casa Civil), José Múcio (Relações Institucionais), Edson Lobão (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações) e não cansa de emplacar seus desejos.