Título: Para instituto britânico, país algum ficará imune
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/10/2008, Internacional, p. A11

Londres, 16 de Outubro de 2008 - Nenhuma região do mundo "permanecerá imune" à crise, advertiu ontem em Londres um importante centro de análises, que alerta " não haver segurança" de que as medidas adotadas para frear o colapso financeira consigam evitar "novas ondas de pânico e destruição."

"A confiança foi minada. Apesar dos extraordinários esforços coordenados pelos bancos centrais e os dirigentes políticos, que incluem a recapitalização dos bancos, não é seguro que se possa evitar novas ondas de pânico e destruição", disse a empresa Chatham House, um dos mais importantes centros de análises e pesquisas da Grã-Bretanha.

Em documento intitulado: "Aprofundamento sincronizado na recessão" se faz um diagnóstico sombrio para a economia mundial em 2009, alertando também que ainda não foram sentidas todas as conseqüências da crise.

Ondas de pânico

"Até meados de 2008 os mercados emergentes permaneciam fortes. Agora que a crise se agravou, nenhuma região permanecerá imune às ondas de pânico", enfatizou a especialista Vanessa Rossi, autora do documento.

"Inclusive se alguns países como a China conseguirem evitar afundar em uma recessão plena, todas as regiões serão afetadas pela crise", insistiu a analista do departamento de Economia Internacional da Chatham House.

Destacou que o enfraquecimento dos Estados Unidos, Japão e Europa aponta para "um choque substancial do comércio global e dos mercado de matérias-primas."

No documento Rossi prognosticou também o agravamento da situação econômica nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que reagrupa 30 países industrializados, entre eles Japão, EUA, Canadá, México, e todos os grandes países europeus.

"O colapso sincronizado do consumo e dos negócios nos principais países da OCDE irá piorar", prognosticou.

"Inclusive antes da última explosão, os principais países da OCDE estavam mergulhando em uma recessão sincronizada fora do comum, alavancada por um colapso no consumo e nos negócios. Isso ficará pior no momento", informou.

Atualmente "a OCDE está à beira do desastre econômico e as perspectivas para 2009 são sombrias", resumiu o informe, que também assinalou que ainda não se fizeram sentir todas as repercussões da crise que quase paralisou a economia mundial.

Coquetel tóxico

"Muitas das repercussões da crise financeira sem precedentes começaram a surgir apenas agora", disse Rossi.

A analista assinalou que "o pânico das bolsas foi mundial" e o impacto do aumento registrado há alguns meses nos preços dos alimentos e do petróleo "são sentidos ainda, particularmente nos países em desenvolvimento", enquanto nos países desenvolvidos se registrou um declínio nos preços das moradias.

"Trata-se de um coquetel tóxico para a economia", resumiu a Chatham House.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP)