Título: Wall Street tem o seu pior dia desde 1987
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/10/2008, Finanças, p. B4

Nova York, 16 de Outubro de 2008 - Os índices de Wall Street tiveram ontem o seu pior dia desde a quebra da bolsa de 1987, com os dados econômicos alimentando as preocupações de que todos os esforços para descongelar os mercados de crédito podem não evitar uma recessão severa.

O índice Dow Jones despencou 7,87%, a 8.577 pontos. O índice S&P 500 desmoronou 9,03%, a 907 pontos e o índice Nasdaq desabou 8,47%, a 1.628 pontos. Os índices DowJones e S&P 500 registraram a maior queda percentual desde 1987.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, afirmou ontem que a economia enfrenta uma "ameaça significativa" com os mercados de créditos paralisados.

Indicadores negativosOs desanimadores números das vendas varejistas mensais norte-americanas deram o tom para a sessão, com a maior queda em mais de três anos, enquanto uma medida da indústria do Estado de Nova York atingiu o pior nível desde que começou a ser usada em 2001.

O Nasdaq agora devolveu todos os ganhos de 11% da última segunda-feira, enquanto o índice S&P 500 ficou apenas 1% acima do fechamento de sexta-feira.

Os dados econômicos de ontem intensificaram os temores, assim como o relatório do Livro Bege do Federal Reserve, que mostrou uma atividade econômica fraca em todo os Estados Unidos em setembro à medida que empresários revisaram os investimentos e os consumidores cortaram os gastos.

As ações de companhias consideradas termômetros econômicos caíram fortemente, como o conglomerado Caterpillar que tombaram 11%.

Temores de recessão também atingiram as empresas de commodities, com a petrolífera Exxon Mobil afundando 14% com os preços do petróleo caindo.

"Vendas de varejistas assombraram os investidores nesta manhã e elevaram os riscos de curto prazo de uma recessão mais ampla", avaliou Tom Sowanick, vice-presidente de investimento da Clearbrook Financial LLC.

"O mercado submergiu pelo temor da recessão nos Estados Unidos", explicou Al Goldman, do Wachovia Securities.

"Os consumidores limitaram as compras inclusive antes da queda dos mercados financeiros e essa não é uma boa notícia", estimou o economista Joel Naroff, que prevê "um longo período de crescimento negativo ou um crescimento muito lento"

"Estamos vivendo uma recessão e ela será longa, em vista das perspectivas negativas para os próximos seis meses", resumiu o analista Marc Pado, da corretora Cantor Fitzgerald.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Reuters e AFP)