Título: Ministro diz que a estatal brasileira só ajuda o Equador
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/10/2008, Infra-Estrutura, p. C8
Brasília, 16 de Outubro de 2008 - O Equador ganharia mais com a presença da Petrobras no país, proporcionalmente, do que os lucros que a empresa brasileira poderia tirar de suas operações em solo equatoriano, avaliou o ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, que defendeu uma "solução civilizada" para o conflito. "A Petrobras, eu poderia dizer, não está tendo lucros no Equador, ela está aí para ajudar. Se ela não for bem-vinda, deve haver uma solução civilizada", disse ontem o ministro.
Ao comentar notícias recentes de que o presidente do Equador, Rafael Correa, teria a intenção de expulsar a Petrobras, Lobão minimizou a ameaça. "Ele (presidente) pode fazer o que entender. Ele dirige um país soberano, (mas) não creio que ele vá fazer absolutamente nada disso. A Petrobras está ajudando o Equador", destacou, observando que a estatal brasileira conta com dois blocos no país, sendo um inexplorado, além de um oleoduto.
A Petrobras não quer ser prestadora de serviço no Equador, que ainda reivindica que a estatal devolva o controle do bloco 31, nas imediações do Parque Nacional de Yasuní, ainda não explorado. A empresa explora o bloco 18, produzindo cerca de 11 mil barris diários de petróleo, e no momento negocia com o governo equatoriano sobre seus ativos no país, que inclui ainda um oleoduto que opera.
Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em declaração a jornalistas na terça-feira, as negociações no Equador estão prosseguindo dentro da normalidade e ainda não há definição sobre a situação da empresa naquele país.
Segundo Lobão, que indicou que a Petrobras atua no Equador bastante orientada pela integração energética da América do Sul, se Correa resolver definitivamente que e Petrobras deve sair do país, terá que indenizar o Brasil. "Basta que o governo diga que não quer a presença da Petrobras que a Petrobras se retirará, e o governo indeniza as instalações da Petrobras. Não haverá nenhuma briga por conta disso. Isso vai acontecer? Não acredito... O Equador não vai lucrar nada com isso", afirmou o ministro.
O Equador também está em conflito com a Odebrecht, argumentando que a construção de uma hidrelétrica executada pela empresa brasileira não foi bem feita, gerando prejuízo para o Estado equatoriano. Por conta desses conflitos com empresas nacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou na semana passada o adiamento da viagem de uma missão brasileira ao Equador, que teria o objetivo de apoiar obras de infra-estrutura no país andino.
Conflito "não é diplomático"
O conflito entre a construtora brasileira Odebrecht e o governo equatoriano não é diplomático. A avaliação é do professor de história e relações internacionais da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Luis Fernando Ayerbe, que ressalta que os problemas dizem respeito apenas à empresa e ao governo. Somados, quatro dos cinco contratos com a Odebrecht que foram suspensos pelo governo do Equador no decreto assinado na última quinta-feira e divulgado pelo presidente Rafael Correa na segunda chegam ao montante de US$ 712,.6 milhões.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o professor afirmou também que os problemas na América do Sul envolvendo Venezuela, Bolívia e Equador estão relacionados apenas com a nova política desses países em considerar os recursos naturais propriedades do Estado.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Reuters e Agência Brasil)