Título: Economia terá perdas reais e financeiras
Autor: Lavoratti, Liliana
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2008, Nacional, p. A6

15 de Outubro de 2008 - A América Latina será contaminada pela crise das subprimes por dois canais: o real e o financeiro. Na América Central e Caribe, de origem inglesa, o primeiro está vinculado com a dimensão das remessas feitas pelos migrantes nos EUA e Europa, que a partir de agora deverão sofrer com o desemprego. A contração do comércio internacional, que vai diminuir o fluxo de trocas com as nações desenvolvidas, deverá atingir os latino-americanos que têm exportações focadas em manufaturados. "Esses produtos são mais difíceis de serem colocados no mercado internacional do que as commodities", enfatiza o diretor da Cepal, Osvaldo Luis Kacef. Neste sentido, o México e os centro-americanos ficarão mais vulneráveis, por venderem mais manufaturados aos EUA e Mercado Comum Europeu.

O contexto recessivo global também resultará em queda dos preços das commodities, que afetará mais os sul-americano. O tamanho desta queda dependerá da evolução das economias emergentes. Se a China e a Índia mantiverem um ritmo razoável de crescimento, a perda de receitas das exportações sul-americanas para lá não será drástica, na avaliação da Cepal. Para Kacef, as medidas adotadas pelo governo chinês, em apoio ao seu mercado interno, com o objetivo de compensar o encolhimento das exportações, devem manter a economia aquecida. EUA, Europa e Japão consomem metade de tudo o que a China exporta.

A vertente financeira prejudicará mais os países endividados, com menos reservas internacionais e empresas privadas mais dependentes de financiamento. O Brasil, lembra Kacef, está em situação privilegiada, com as finanças públicas arrumadas, reservas cambiais boas, uma dívida melhor refinanciada e uma estrutura de comércio exterior diversificada, tanto em termos de destino quanto em produtos.

L.L.