Título: Brasil e China podem ganhar com crise
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Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2008, Nacional, p. A7

15 de Outubro de 2008 - A China não é uma preocupação apenas como grande consumidora de produtos, mas também como exportadora. Para o setor produtivo brasileiro, existe o temor de uma maior agressividade nos mercados fora da Europa e Estados Unidos para compensar a perda naqueles mercados. "O Brasil não tem condições de absorver as exportações que a China deixará de fazer para os Estados Unidos. Portanto, as empresas podem ficar tranqüilas que está afastado o perigo de uma enxurrada de produtos chineses por aqui e outros países latino-americanos nos próximos meses, aumentando ainda mais a competição com os nacionais", afirma o presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu. "Não tem como, de uma hora para outra, o Brasil aumentar em 50% as importações de eletrodomésticos chineses", exemplifica.

Embora a China já seja o segundo parceiro comercial do Brasil - atrás somente dos Estados Unidos -, o mercado brasileiro é o décimo quarto destino das vendas externas chinesas. Nos 12 meses acumulados até julho, a soma de exportações e importações (corrente de comércio), chegou a US$ 31,9 bilhões entre Brasil e China. O valor é superior aos US$ 29,3 bilhões do comércio no período com a Argentina. Com os EUA, as transações estão em US$ 49,2 bilhões.

Liu lembra que o perfil dos produtos que o Brasil vem importando da China, em sua maioria, é específico de algumas áreas, como informática, eletrônicos, equipamentos de comunicação. "Esses devem continuar entrando porque são componentes importantes para a indústria brasileira, mas há algum tempo está caindo significativamente a entrada de bens de consumo como vestuário", acentua. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(L.L.)