Título: Alckmin segue orientação do PSDB e declara apoio a Kassab
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2008, Política, p. A10

São Paulo, 15 de Outubro de 2008 - O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato derrotado no primeiro turno à prefeitura paulistana, seguiu a orientação do partido e aderiu ontem a campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Os dois se encontraram na região central da capital paulista, onde tomaram café, minimizaram as críticas trocadas na primeira fase da eleição e reforçaram o discurso anti-PT.

"Venho trazer meu apoio pessoal me colocando à disposição do prefeito com a confiança de que ele vai ser bem sucedido", disse Alckmin. Já Kassab agradeceu o apoio e ressaltou que a parceria entre tucanos e democratas sempre existiu. Durante o encontro, os dois se abraçaram e empenharam-se em não mostrar nenhum tipo de ressentimento com a troca de farpas que marcou o primeiro turno da disputa pelo comando da capital paulista.

"É uma segunda eleição, tem que se fazer uma segunda opção. Eu sempre disse que tínhamos um adversário em comum, o PT", afirmou o ex-governador, justificando o apoio ao prefeito. Kassab, por sua vez, atribuiu os ataques do tucano ao calor da campanha. No primeiro turno, Alckmin chamou o candidato democrata de dissimulado e o acusou de tentar confundir o eleitor com o objetivo de desconstruir o PSDB.

A legenda ficou dividida no primeiro turno entre as duas candidaturas. Enquanto uma parte optou pelo candidato oficial, a outra, comandada pelo governador paulista, José Serra, permaneceu ao lado do prefeito. Depois do café, Alckmin e Kassab foram juntos vistoriar as obras do expresso Tiradentes, também localizado no centro de São Paulo.

O prefeito ainda participou ontem de sabatina realizada pelo jornal Folha de S.Paulo, onde classificou de insinuação maldosa a propaganda da adversária Marta Suplicy (PT) que questiona aspectos da sua vida pessoal. Para ele, a atitude mostra o medo e o desespero da rival em perder a eleição. "É falta de respeito da campanha da adversária com o eleitor paulistano. Não tenho o que declarar a não ser lamentar o nível da minha adversária. Ela está fazendo insinuações maldosas, falsas e levianas e confundindo o eleitor", reagiu.

Na inserção, que foi retirada do ar ontem por decisão do próprio PT, a campanha petista questiona se Kassab é casado e tem filhos. Marta disse que não sabia da propaganda e negou a intenção de prejudicar o oponente ao expor sua vida pessoal. O democrata, contudo, afirmou que não acredita nas palavras da petista. "A ex-prefeita terá um grande constrangimento daqui para frente com sua vida pública. Ela é a candidata e teria que ter desautorizado (a propaganda). Não acredito que ela não sabia. Até porque, se ela não sabe quais são as suas propostas para a opinião pública, ela não está preparada para ser candidata", alfinetou.

Para piorar a situação de Marta, o juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Marco Antonio Martin Vargas, acolheu representação da coligação do prefeito e proibiu a campanha petista de veicular novamente no horário eleitoral a propaganda que o acusa de enriquecer depois que entrou na política, além de tratar de aspectos pessoais de sua vida. O juiz concedeu um minuto de direito de resposta no rádio, a ser exercido em até 36 horas após a notificação.

Kassab também disse que estuda adotar medidas judiciais criminais contra a campanha adversária, que segundo ele, estaria distribuindo panfletos com denúncias de racismo pelo prefeito. No texto, ele é acusado de ter reduzido o número de exames pré-natais feitos em gestantes negras. O material ainda indica que o prefeito tenta "derrubar" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No final da sabatina, Kassab foi indagado por um eleitor sobre sua opção sexual. Constrangido, respondeu que não era homossexual. Além disso, brincou com a platéia ao declarar que "há um monte de mulher querendo casar comigo".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Fernando Taquari Ribeiro)