Título: Dinheiro precisa circular, diz Paulson
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Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2008, Finanças, p. B1

Washington, 15 de Outubro de 2008 - Ao descrever o plano de resgate financeiro do governo norte-americano como "amplo, vigoroso e transformador", o secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse ontem que a injeção de US$ 250 bilhões nos bancos do país é necessária para restaurar a confiança e evitar o colapso do sistema financeiro.

Falando pouco depois de o presidente George W. Bush usar termos similares sobre a proposta, Paulson disse que o Tesouro vai disponibilizar os recursos com o objetivo de contribuir para a recapitalização das instituições e fazê-las retomar os empréstimos entre si, para as empresas e aos consumidores.

"As necessidades de nossa economia exigem que nossas instituições financeiras não recebam esse novo capital para guardá-lo, mas para colocá-lo em circulação", disse Paulson, que expôs alguns detalhes do plano junto com o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, e a presidente da Agência Federal de Garantias e Depósitos Bancários (Fdic, na sigla em inglês), Sheila Bair.

Com a proposta, os Estados Unidos seguem os planos similares anunciados segunda-feira na Europa -quase todos os países tencionam injetar fundos nos bancos e descongelar os mercados de crédito.

Além da injeção de fundos nos bancos, conforme o plano, os EUA vão também garantir os novos títulos de dívida emitidos pelos bancos por três anos -uma medida para incentivar as instituições financeiras a retomarem os empréstimos entre si e para os clientes.

A Fdic vai oferecer garantia ilimitada para os depósitos bancários nas contas que não carregam juros -normalmente as contas de clientes empresariais - colocando os EUA em linha com diversos países europeus, que adotaram essas garantias globais.

E o Fed iniciará um programa pelo qual será comprador de último recurso de papéis de curto prazo, uma iniciativa que visa ajudar as empresas a conseguirem dinheiro para as operações do dia-a-dia.

Chamando a necessidade de injetar recursos nos bancos de lamentável, Paulson disse que era, no entanto, necessária.

"A alternativa de deixar as empresas e os consumidores sem acesso a financiamento é totalmente inaceitável", disse Paulson. "Quando o financiamento não está disponível, os consumidores e as empresas reduzem os gastos, o que faz as empresas eliminarem empregos e até mesmo fechar as portas", disse.

"Acredito com veemência que a aplicação das medidas, junto com a resiliência da economia americana, vai contribuir para restaurar a confiança", complementou Bernanke.

Como a Casa Branca tem feito desde que a Câmara dos Representantes rejeitou a legislação inicial do pacote de resgate, Bush procurou tranqüilizar a população de que os esforços são necessários para proteger suas economias e aposentadorias.

Cada um dos programas protege os contribuintes, disse Bush, e é "limitado e temporário".

Paulson fez uma exposição das linhas gerais do plano a oito presidentes de bancos do país numa reunião na tarde de segunda-feira. Ele essencialmente disse aos presentes que terão de aceitar o investimento governamental para o bem do sistema financeiro americano, segundo altos funcionários do governo.

Na segunda-feira, os grandes bancos aceitaram receber investimentos totalizando perto de US$ 125 bilhões. O Citigroup e o JPMorgan Chase vão receber US$ 25 bilhões cada. O Bank of America, que está envolvido no processo de aquisição do Merrill Lynch, e o Wells Fargo, que está adquirindo o Wachovia Corporation, receberão US$ 25 bilhões. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley terão US$ 10 bilhões cada. E o Bank of New York Melon e o State Street de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões.

Outros US$ 125 bilhões serão distribuídos para milhares de bancos de pequeno e médio portes. Eles estarão aptos a receber investimentos do governo na proporção similar de seus ativos.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(The New York Times)