Título: BC intervém e dólar cai pelo segundo dia
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2008, Finanças, p. B2

Brasília e São Paulo, 15 de Outubro de 2008 - O dólar comercial encerrou em queda pelo segundo dia consecutivo, pressionado pelas intervenções do Banco Central (BC). A melhora no cenário externo, após o anúncio do pacote de vários governos europeus para socorrer os bancos, também contribuiu para a queda da divisa.

O dólar comercial fechou em baixa de 1,96%, cotada a R$ 2,102 na venda. A divisa norte-americana acumula perdas de 5% na semana. No entanto, a valorização já atinge 8,60% no mês e 17,37% no ano.

"Apesar da baixa na cotação do dólar, o cenário de volatilidade deve permanecer. A consolidação deste movimento de queda ocorrerá aos poucos. Algumas empresas que estão ven-didas em dólar terão que realizar prejuízos para honrar compromissos lá fora", avalia a diretora da corretora de câmbio AGK, Míriam Tavares. Segundo Míriam, a moeda tem espaço para cair ainda mais. "O mercado acredita que o dólar pode chegar a R$ 1,90 no final do ano."

Ontem o BC confirmou a postura de manter constantes atuações no mercado de moeda estrangeira, na tentativa de manter estabilidade no câmbio.

O BC agiu por meio de duas estratégias: leilão de swap cambial, movimentando US$ 1,235 bilhão, e venda direta de dólares. A taxa de corte foi de R$ 2,09 por dólar. Nos leilões de venda direta de moeda estrangeira, o BC não divulga o volume de dólares negociado.

Os leilões de swap cambial realizados ontem em dois lotes foram inteiramente absorvidos pelo mercado, em negociação de US$ 1,235 bilhão. Com os leilões de venda direta de dólares, swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra, o BC garante estabilidade ao mercado de câmbio. Para garantir liquidez no mercado interno, na segunda-feira, o BC anunciou um pacote de medidas que promete liberar mais R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios.

O Banco Central realiza hoje o primeiro leilão de venda de até US$ 1 bilhão conjugado à obrigação de recompra dentro das novas regras as quais permitem que os valores dessas operações liberem recursos do compulsório incidente sobre os depósitos interbancários das empresas de leasing. A possibilidade de dedução, em um casamento entre o leilão de dólares e paralela liberação de compulsório, foi anunciada na segunda-feira, dentro do mini-pacote do BC para irrigar o mercado de crédito com recursos dos recolhimentos obrigatórios.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ayr Aliski e Ana Cristina Góes)