Título: Países ricos deveriam adotar discurso único
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Fonte: Gazeta Mercantil, 17/10/2008, Nacional, p. A6
Brasília, 17 de Outubro de 2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem posição unificada e coerente dos países ricos para acalmar as bolsas de valores mundiais. "Penso que tem muita gente falando coisas contraditórias. De vez em quando, você ouve o presidente do Banco Central americano dizendo uma coisa, um banco europeu falando outra", afirmou Lula em entrevista coletiva concedida antes do encerramento de seminário empresarial em Maputo, em Moçambique.
Para Lula, "Ou eles (os países ricos) se acertam e elaboram um discurso único e começam a colocar o pé na economia real ou vamos ficar nesse samba do crioulo doido. Cada dia vendo a bolsa disparar para cima e, no outro dia, para baixo ", afirmou.
Para Lula, a crise não provocou até o momento "nenhuma coisa mais séria" nos países emergentes, como Brasil, China e Índia.
Fiocruz
Em sua visita a Moçambique, o presidente Lula deverá inaugurar hoje o escritório de representação da Fundação Oswaldo Cruz na África. Lula será acompanhado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e do presidente da Fiocruz, Paulo Buss. O evento será realizado no Centro Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo.
A Fiocruz África é o primeiro escritório internacional da fundação. A iniciativa é resultado da política externa brasileira, estimulada pelo próprio presidente Lula, que tem dado prioridade à saúde e ao incremento da cooperação entre o Brasil e os países africanos, com especial ênfase aos que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Além da abertura oficial do escritório de representação da Fiocruz, Lula, Temporão e Buss vão reiterar o apoio brasileiro à implantação da Fábrica de Medicamentos de Moçambique, que produzirá, entre outros medicamentos, os anti-retrovirais.
O projeto vem sendo desenvolvido em Moçambique em colaboração entre o Ministério da Saúde (Misau) e especialistas do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz e a fábrica moçambicana deve começar a produzir já em 2009.
Na pauta de ações da Fiocruz no continente africano também estão previstas a oferta de cursos para a área de saúde e o intercâmbio na área de produção de vacinas e kits de diagnósticos.
"O Brasil deve muito à África" afirmou Buss. Ele mencionou a profunda ligação histórica que existe entre o povo brasileiro e o africano. "Chegou a hora de dar a mão aos irmãos africanos que vivem situações sociais e de saúde inimagináveis em Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, além do Timor Leste", afirmou Buss.
Durante a visita a Moçambique, Lula se encontrou ontem com o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Agência Brasil)