Título: Governo deve adiar leilão de transmissão, diz Lobão
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/10/2008, Infra-Estrura, p. C5

Brasília, 17 de Outubro de 2008 - O governo federal admite a possibilidade de adiar o leilão do linhão de transmissão de energia elétrica que vai levar a produção das usinas hidrelétricas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, para abastecer o mercado da região Sudeste - um investimento avaliado pelo governo em R$ 7,5 bilhão.

O pregão marcado para o próximo dia 31 "poderá sofrer atraso de até 30 dias", reconhece o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que até o fechamento desta edição não havia marcado uma nova data para a licitação.

De acordo com o ministro, "tem havido solicitação dos próprios empresários para que se faça um pequeno adiamento do leilão, tendo em vista a turbulência econômica. A Aneel está estudando essa questão com todo o cuidado".

Lobão reconheceu que existe a possibilidade "de adiar o leilão por 30 dias no máximo, sem prejuízo da obra. Só adia se não houver nenhum atraso na entrega da obra", destacou ontem o ministro de Minas e Energia.

O problema seria a falta de recursos dos investidores, que estariam encontrando dificuldade para cobrir as garantias financeiras exigidas pelo governo, por causa da escassez de crédito gerada pela crise financeira mundial.

O ministro Lobão vinha repetido que não haveria adiamento do leilão. A mudança de postura do ministro Lobão teria ocorrido ontem, após encontro privado com o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, que expôs para ele as razões dos empresários, constrangidos pela falta de liquidez do mercado. O linhão está dividido em sete lotes no certame, que somam R$ 48,64 milhões na opção de corrente contínua e de R$ 57,32 no projeto que une a corrente contínua com a alternada. As vencedoras do leilão terão que aportar garantias que excedem os R$ 500 milhões em um prazo de 30 dias após o pregão, daí a dificuldade.

Geração de 4,310 mil MW

O linhão do Madeira será formado por duas linhas de transmissão de alta tensão que correrão paralelas por 2,5 mil quilômetros e levarão a energia gerada nas hidrelétricas do estado de Rondônia para Araraquara, no interior paulista, e daí redistribuída para a região Sudeste, onde será consumida a maior parte de sua produção.

No total, as usinas de Santo Antônio e Jirau devem gerar 4.310 megawatts (MW) e o linhão é quem vai fazer a transmissão dessa energia gerada no Norte do País para ser consumida no Sudeste e no Sul.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(Rivadavia Severo)