Título: Policiais Civis de todo o País param no dia 29
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/10/2008, Nacional, p. A9
São Paulo, 20 de Outubro de 2008 - A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) vai fazer uma paralisação nacional por duas horas, no próximo dia 29, em apoio à greve dos policiais civis em São Paulo. Segundo a entidade, a paralisação terá início às 14 horas.
Na última quinta-feira, os policiais civis paulistas que estão em greve há mais de um mês, entraram em confronto com policiais militares próximo ao Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo. A intenção dos policiais civis era fazer uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Entretanto, as ruas ao redor do Palácio foram bloqueadas pelos policiais militares, já que a área é considerada de segurança e é proibido fazer manifestações no local. Os manifestantes tentaram furar o bloqueio dos policiais militares e prosseguir com a passeata, mas foram contidos com bombas de gás lacrimogênio. Na confusão, os policiais trocaram tiros com balas de borracha e dezenas de pessoas ficaram feridas.
Na sexta-feira, o governador José Serra lamentou o confronto, mas disse que não há crise entre as Polícias Civil e Militar no estado. "Os comandos da polícia estão muito unidos tanto da militar quanto da civil e da científica. Os eventos não refletem o confronto entre as corporações como tal. Foi um conflito localizado, inclusive com manifestantes em número muito limitado: tem 35 mil policiais efetivos da Secretaria de Segurança e ontem não havia mais de mil". O governador criticou o fato de policiais civis terem participado da manifestação grevista armados. "Uma coisa é reivindicação. E outra é fazer reivindicação armada."
Serra voltou a dizer que o confronto ocorrido entre policiais civis e militares teve motivação política e que teria sido convocada pelo presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva. "O evento de ontem (quinta-feira) foi programado e proposto, inclusive como forma de organização, por um desses líderes, que é o Paulinho da Força Sindical que é, aliás, um deputado envolvido em escândalos que tem um processo de cassação em andamento e que, provavelmente, quer pôr uma cortina de fumaça em cima disso", disse o governador.
O deputado Paulo Pereira da Silva respondeu às acusações feitas pelo governador, dizendo que Serra "está sendo intransigente". "Ele não soube negociar com os policiais e resolveu pôr a culpa em outro", completou.
Segundo ele, a culpa pelo confronto é de Serra, "que paga o pior salário do Brasil". Paulinho também negou que a greve dos policiais tenha motivações políticas. "Não teve nenhum fundamento político, só salarial". E disse que não convocou a passeata que terminou em confronto entre os policiais. "Queria ter esse poder que ele [Serra] está me dando". Ele também acusou o governador de São Paulo de ser o responsável "pelas armações" que o teriam colocado sob investigação na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal. "Sempre desconfiei disso, mas agora ficou claro quem é o responsável por essas armações contra mim."
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Agência Brasil)