Título: PMDB lidera em capitais no segundo turno
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2008, Política, p. A10

São Paulo, 21 de Outubro de 2008 - O PMDB deve conquistar a maioria das capitais com segundo turno, se confirmadas as pesquisas de intenção de voto. Das 11 capitais que ainda estão em jogo, o partido lidera a disputa municipal em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). Além disso, candidatos peemedebistas estão tecnicamente empatados com seus adversários no Rio de Janeiro (RJ) e em Belém (PA). Não há nenhum candidato da legenda concorrendo no segundo turno às prefeituras de São Paulo (SP), Manaus (AM), Macapá (AP), Cuiabá (MT) e São Luís (MA).

Se considerada as capitais e os outros 19 municípios onde também haverá segundo turno, a hegemonia fica dividida entre PMDB e PT. Fora da margem de erro, cada partido lidera em sete cidades. Além das 11 capitais, há segundo turno em Anápolis (GO), Bauru (SP), Campina Grande (PB), Campos dos Goytacazes (RJ), Canoas (RS), Contagem (MG), Guarulhos (SP), Joinville (SC), Juiz de Fora (MG), Londrina (PR), Mauá (SP), Montes Claros (MG), Pelotas (RS), Petrópolis (RJ), Ponta Grossa (PR), São José do Rio Preto (SP), Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Vila Velha (ES).

Os petistas levam vantagem em relação ao PMDB quando são contabilizados os dois turnos da eleição, já que a sigla venceu em 13 cidades no primeiro turno que compõem o G79 - grupo formado pelas 26 capitais e os 53 municípios com mais de 200 mil eleitores. Se vingar os resultados das pesquisas no segundo turno, o partido sairá vencedor das eleições em 20 municípios do G79, num total de 8,6 milhões de eleitores.

Já o PMDB ficaria com 15 prefeituras do G79, num universo de 7 milhões de eleitores. O saldo, contudo, pode crescer se Eduardo Paes (PMDB) superar Fernando Gabeira (PV) no Rio de Janeiro, onde há 4,8 milhões de votos. Segundo o Datafolha, o candidato verde tem 44% das intenções de voto, contra 42% de Paes. Em Belém, também há um empate técnico. Duciomar Costa (PTB) tem 46% das preferências, ante 43% de Priante (PMDB). Lá estão em jogo 961 mil votos.

Poder de barganha

Para Carlos Melo, cientista político do Ibmec/São Paulo, mesmo com eventuais surpresas, o PMDB será o grande vitorioso das eleições municipais deste ano. "Não só pelo número de votos, mas também pelas cidades que irá conquistar. Tudo indica que o partido terá o controle de capitais importantes, como Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, além do vice em São Paulo. O PMDB ainda parte de condições muito favoráveis para ampliar a bancada federal em 2010", analisa o cientista político.

Melo acredita que o bom desempenho nas urnas deve aumentar o poder de barganha dos peemedebistas junto ao governo federal. "Eles vão cobrar a fatura. Já fizeram isso no final primeiro turno quando pediram neutralidade do presidente Lula nas disputas onde havia dois candidatos da base", lembra Melo, que não descarta a possibilidade de uma reforma ministerial depois do pleito municipal que contemple o PMDB. A eleição do deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara, em fevereiro de 2009, também será cobrada.

O PSDB deve ficar com 11 municípios do G79, considerando as pesquisas que apontam a vitória dos tucanos Wilson Santos e João Castelo no segundo turno em Cuiabá (MT) e São Luís (MA), respectivamente. Com isso, 5,1 milhões de eleitores estariam sob o comando do PSDB, número inferior aos 14 milhões obtidos nas eleições municipais de 2004.

A diferença é que na época, os tucanos haviam sido vitoriosos na capital paulista, onde agora, o prefeito Gilberto Kassab - que assumiu depois que José Serra (PSDB) deixou a prefeitura para concorrer e vencer a disputa pelo governo do estado de São Paulo - tem chances reais de se reeleger. De acordo com o Datafolha, o democrata está com 16 pontos percentuais de vantagem sobre Marta Suplicy (PT). Kassab, aliás, é a maior esperança do DEM para melhorar seu desempenho nas eleições municipais, já que a legenda ganhou em apenas quatro cidades do G79 (Ribeirão Preto, Feira de Santana, Blumenau e Mogi das Cruzes). Se levar a capital paulista, o DEM verá seu coeficiente eleitoral nas grandes cidades saltar de 1,2 milhão para 9,4 milhões de votos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Fernando Taquari Ribeiro)