Título: Crise força bancos a mudar política de risco
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2008, Finanças, p. B3
São Paulo, 21 de Outubro de 2008 - Com ampla experiência na formação de executivos de grandes bancos em todo o mundo, inclusive do Brasil, e ativo colaborador de governos na formulação de políticas de regulação do sistema financeiro, o professor de finanças bancárias Jean Dermine, da universidade focada em negócios Insead, em Paris, está no Brasil para se debruçar sobre a implantação do Novo Acordo de Capital no País. A um público composto de diretores de instituições financeiras e consultores de mercado, o belga vai dizer que a atual crise econômica demanda uma urgente mudança nos critérios deste acordo, mais conhecido como Basiléia II, aprovado em 2004 para regular a gestão do risco bancário em mais de 100 países.
Dermine antecipou à Gazeta Mercantil que a adoção das regras de Basiléia II antes da crise não seria sufuciente para impedir a onda de insolvência dos bancos dos Estados Unidos e da Europa. Por essa razão, ele defende mudanças nas regras do tratado financeiro, que visa a estabelecer por parte dos bancos níveis mínimos de capital para cobrir suas operações expostas a riscos. "Se os bancos tivessem Basiléia completamente há mais de um ano não seria muito diferente. Mesmo com o acordo, as instituições podem medir seus riscos de acordo com a natureza de suas operações, tanto é que o subprime não foi considerado um ativo de alto risco antes da crise. Eles acabaram tendo uma má surpresa", lembra.
Segundo Dermine, a fraqueza do Basiléia 2 é não identificar risco de liquidez. "Não diz quase nada sobre esse tipo de risco. Então quando veio a onda de desconfiança os bancos de investimento não tiveram acesso à liquidez do mercado e os grandes bancos tiveram que ser socorridos pelos governos."(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Luciano Máximo)