Título: PMDB pensa em lançar candidato em 2010
Autor: Seabra, Marcos
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/10/2008, Política, p. A8

São Paulo, 28 de Outubro de 2008 - Fortalecido pelas urnas nas eleições municipais, o PMDB já fala em lançar um candidato à Presidência da República, em 2010. "Somos o maior partido do País, temos a maior bancada na Câmara e no Senado, o maior número de prefeituras, portanto é natural lançarmos um candidato", avaliou o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara. Porém, o deputado diz que é cedo para falar no assunto, e garantiu o apoio ao candidato da base aliada em 2010. "Apesar do resultados das urnas, seja qual for o candidato do presidente Lula e da base aliada, nós estaremos no palanque", garantiu Alves.

O presidente nacional do PMDB, o também deputado federal Michel Temer (SP) faz eco às palavras de Alves, mas é mais comedido. "Eu vou reunir a executiva do partido na semana que vem para fazermos algumas avaliações do resultado eleitoral que foi magnífico para o PMDB, mas isso ainda não significa nada. No segundo semestre do ano que vem é que vamos discutir a posição do partido e as alianças que venham a ser feitas", garantiu Temer.

"Temos de construir uma nova candidatura, é o inicio de uma nova etapa", disse ontem o secretário-geral do PT, deputado federal José Eduardo Cardoso (SP), pouco antes de uma reunião da executiva nacional da legenda, referindo-se à primeira eleição em que Lula não será mais o candidato do partido. Para Cardoso, é necessário construir uma candidatura para a sucessão presidencial, mas o partido não abre mão de indicar o candidato a presidente. Aos aliados, caberia apontar o candidato a vice, e o PMDB é o que tem o maior cacife para pleitear a vaga, reconhece o petista.

O secretário-geral petista garante que estão resolvidas as pendengas internas do partido, quase sempre mergulhado em desavenças entre as várias tendência intestinas, "Isso não será um problema. O partido sai coeso desse processo eleitoral e irá unido para 2010", afirmou Cardoso. Sobre o fortalecimento do PMDB Cardoso acha que o PT tem condições de manter o entendimento com a legenda. "Não vejo dificuldade em conversar com o PMDB. Nós trataremos todas as nossas forças aliadas com absoluto respeito", prometeu Cardoso. Temer dá razão à Cardoso, mas faz questão de lembrar a posição de seu partido. "O que ficou claríssimo é que o PMDB ganhou muita musculatura política para qualquer aliança que venha a fazer", lembrou.

Mais espaço

Mesmo com a "musculatura fortalecida", o presidente nacional do PMDB garante que a legenda não vai pleitear uma participação maior no governo. "Sem dúvida saímos fortalecidos nessas eleições, mas o quadro de apoio ao governo no Congresso não se modificou e, por isso, não vamos pleitear absolutamente nada", garantiu Temer.Para o peemedebista, "o partido já está participando do governo em uma medida adequada". "Não há o que pleitear", reitera. Temer não acredita que há abalos no relacionamento com o governo em função da troca de farpas entre candidatos peemedebistas e do PT durante a campanha eleitoral. "Oito meses antes das eleições, a pedido do presidente Lula, nós fizemos uma reunião na minha casa com os presidentes dos partidos e líderes da base aliada e a conclusão foi de que haveria disputa entre os partidos da base nos municípios. Portanto, a recomendação foi de que não deveríamos deixar que as disputas municipais contaminassem a aliança nacional", explicou.

Outra aposta dos peemedebistas é a disputa da presidência da Câmara e do Senado. Pelo acordo firmado entre PT e PMDB na eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara, no ano passado, agora seria a vez dos petistas apoiarem a candidatura de um peemedebista - Temer - para a direção da Casa.

Com a vitória eleitoral, o PMDB terá mais força para negociar com o PT o apoio ao peemedebista na Câmara. Mas o acordo pode ser minado, exatamente à partir do Senado onde o presidente da Casa, o peemedebista Garibaldi Alves (RN), sempre faz questão de lembrar que o seu partido tem a maioria nas duas casas. "Revezar as presidências é o que o PT quer", lembrou Garibaldi em visita à São Paulo no início de setembro.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Marcos Seabra)