Título: Comando do Congresso preocupa Lula
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Fonte: Gazeta Mercantil, 28/10/2008, Política, p. A8
Brasília, 28 de Outubro de 2008 - Passadas as eleições municipais, o novo desafio político que se projeta diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é resolver a disputa pelo comando do Congresso, que envolve os dois maiores partidos de sua base de apoio: PT e PMDB.
Fortalecido nas urnas e tradicionalmente rachado entre suas diferentes lideranças, o PMDB ameaça disputar a presidência do Senado, contrariando a vontade de Lula. O conflito, em último caso, poderia jogar a legenda para o lado da oposição.
O governo quer evitar um racha na base, sobretudo com o prenúncio da crise financeira impactar mais o Brasil, mas insiste no nome do senador Tião Viana (PT-AC) para assumir a vaga. O nome do petista, no entanto, encontra resistências entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), aliados do Planalto, mas que costumam dar dor de cabeça ao Executivo nos momentos em que este mais precisa. "Se o PMDB lançar um nome e o PT outro, apoiaremos o PMDB", disse o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB.
Uma disputa entre os dois maiores partidos da base no Senado desorganiza, também, a vida do governo na Câmara.
Há dois anos, PT e PMDB selaram um acordo de alternância. Pelo trato, o PMDB apoiaria a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara e o PT, em 2009, apoiaria Michel Temer (PMDB-SP), presidente do partido e adversário interno de Sarney e Renan.
Para não ser pego de surpresa, Temer já procurou o PSDB, e acredita poder contar com a ajuda do partido oposicionista caso o PT lhe falte. "Temos com o presidente Temer uma relação de muita aproximação", acrescentou Sérgio Guerra. Aliados do Planalto acreditam que somente o envolvimento pessoal do presidente da República pode dar cabo de uma rebelião. "Essa negociação tem de ser feita no momento adequado e diretamente pelo presidente Lula", afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES), líder do partido e aliado do Planalto.
Ontem, a executiva nacional do PT começou a tentar "aparar as arestas" surgidas durante a campanha eleitoral. Além das disputas com aliados - como em Salvador e Porto Alegre -, alguns petistas reclamam da falta de dedicação de líderes do partido em algumas campanhas, como a de Marta Suplicy, em São Paulo.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Reuters)