Título: Brasil precisa economizar, diz Mercadante
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Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2008, Nacional, p. A6
29 de Outubro de 2008 - O governo precisa "sair do palanque" e promover medidas estruturais para resolver os problemas da atual crise de liquidez no curto prazo, evitando assim reflexos mais drásticos da crise financeira internacional na economia brasileira. Este é o recado do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) que assumiu o papel de "oposição" dentro do governo - em debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, empresários e parlamentares.
Categórico, Mercadante defendeu cortes de gastos de custeio do governo e reformas estruturais para garantir os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na economia. "As eleições já acabaram e temos que enfrentar essa crise de forma séria", disse o senador defendendo a criação de "reformas anticrises".
Mercadante defendeu mudanças nas leis para fixar limites para o aumento da folha de pagamento do governo e regulamentar a greve de funcionários público, medida que foi apoiada por Mantega.
O ministro, que ficou mais na defensiva durante o evento, disse que o governo tem feito uma política fiscal eficiente, com fortes superávits primários e espera que a reforma tributária, em trâmite no Congresso Nacional, seja aprovada ainda este ano.
Para Mantega, o mundo todo vai "desacelerar" e teremos "forte impacto na economia real". O ministro manteve a previsão de crescimento do PIB para este ano em cerca de 5%, e em 2009 entre 4% e 5%.
Entretanto, Mantega avaliou que o Brasil está mais preparado para enfrentar crises, e que os países emergentes serão menos afetados. Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) acusou o governo de criar "insegurança" na sociedade brasileira ao tomar ações contraditórias. Para o senador cearense, ao mesmo tempo em que o governo minimizava o impacto da crise no Brasil, elaborava a Medida Provisória 443 que estabelece "a estatização de bancos privados" pela Caixa Econômica e Banco do Brasil, surpreendendo o mercado. Ao defender que a intenção do governo não é estatizar bancos, Mantega reiterou que a Medida 443 foi uma ação de caráter emergencial.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(V.M.)