Título: Oposição quer convocar Dilma para ir ao Congresso
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Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2008, Política, p. A7
29 de Outubro de 2008 - A tranqüilidade em relação à execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assegurada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ainda não convenceu a oposição. Líderes do PPS, DEM, PSDB e PSOL apresentaram ontem na Comissão de Finanças da Câmara um requerimento pedindo a convocação da ministra para explicar os reflexos que a crise provocará nos investimentos do PAC.
A oposição reconhece que está politizando a crise econômica,mas argumenta que a postura "tímida" assumida pela ministra diante das ações do governo para impedir o impacto da crise financeira no país precisa ser discutida com o Congresso e esclarecida para a sociedade.
O documento da oposição pede ainda que seja criada uma comissão externa avaliar a criação de uma comissão externa para acompanhar de perto as ações realizadas a partir da Medida Provisória 443, que permite a compra de instituições financeiras passíveis de falência pela Caixa e Banco do Brasil.
Na Câmara, o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), assumiu a artilharia da tropa de choque contra a ministra e argumenta questiona se o governo não trabalha para impedir que a crise financeira seja vinculada a imagem da Dilma com receio de que produza efeitos para 2010. "Como a candidata do presidente Lula fica fora do debate da crise financeira?", questionou Coruja. "Ela era sempre posta à frente do manche. Participava de todos os eventos e factóides produzidos pelo Palácio. Ela não é a candidata de Lula? Precisa mostrar que tem credenciais.
Para os governistas, a oposição erra ao tentar colocar a crise em um patamar político. "Não há motivo para esta ofensiva", afirmou o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE). "A oposição precisa lembrar que a crise é apartidária.
A Comissão de Finanças é composta pela maioria governista, são 16 deputados da base aliada, contra 12 da oposição. A decisão sobre a convocação da ministra pode recair sobre o bloquinho, formado por PDT, PSB, PCdoB, PMN, e pelo PV.
Execução
Os números da execução do PAC neste ano ainda causam dúvidas devido à ameaça de desaceleração da economia por causa da crise de crédito internacional. Segundo a Associação Contas Abertas, os investimentos do PAC caíram 60% este mês na comparação com outubro do ano passado e 79% se comparado ao mês anterior deste ano, setembro. No ano passado, foram aplicados durante todo o mês de outubro R$ 620,5 milhões.
Neste mês, até o dia 22, o governo federal aplicou R$ 250,9 milhões em obras de infra-estrutura do PAC. Até o início do mês, o governo pagou do PAC R$ 8,2 bilhões.
Para a ministra da Casa Civil, no entanto, o governo considera satisfatório o andamento do PAC. Dilma afirmou ontem que o 5º balanço do PAC que será apresentado no dia 6, irá mostrar um ritmo mais acelerado em relação a 2007. A ministra assegurou que, por enquanto, não há risco da crise mudar os planos de investimento do governo.
M.F.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(M.F.)