Título: Desempenho das commodities em outubro é o pior em 50 anos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/11/2008, Indústria, p. C2

Londres, 3 de Novembro de 2008 - As commodities encerraram seu pior mês desde pelo menos 1956, pressionadas pelo receio de que a queda significativa do crescimento da economia mundial vai estancar a demanda por matérias-primas. O Índice Reuters/Jefferies CRB de 19 matérias-primas despencou 24% em outubro, em sua maior retração do último período de pelo menos meio século. O petróleo deverá ser negociado com retração mensal recorde, o cobre sofreu seu maior declínio das últimas duas décadas e o ouro registrou seu pior desempenho deste período de 25 anos.

"Pelo menos outubro está terminando -- foi o pior mês da história das commodities", disse Eugen Weinberg, analista do Commerzbank AG ,de Frankfurt. "`Os investidores prevêem um crescimento mais baixo no mais longo prazo e isso está pressionando os preços."

Os BCs do mundo inteiro estão reduzindo o custo do dinheiro em um momento em que a crise financeira, iniciada com o colapso do mercado de imóveis residenciais dos EUA, ameaça empurrar a economia mundial para uma recessão. O UBS AG reduziu sua projeção de crescimento mundial do ano que vem para 1,3%, comparativamente aos 2,2% projetados anteriormente, o que vai desencadear uma queda de até 48% em suas previsões para os resultados das commodities como o cobre.

"As perspectivas para a demanda continuam fracas, enquanto esperamos os efeitos das medidas de socorro ", disse Christopher Bellew, corretor- sênior da Bache Commodities Ltd., de Londres. "Mesmo nos mercados emergentes o crescimento tende a ser menor do que se previa anteriormente."

Na Bolsa de Metais de Londres (LME), o contrato de cobre para entrega dentro de três meses caiu US$ 185, ou 4,3%, para US$ 4.020 a tonelada, elevando sua depreciação deste mês para 37%, a maior em duas décadas. O alumínio caiu US$ 40, ou 1,9%, para US$ 2.020, com perda de 17% em outubro. O Índice LME de seis metais industriais recuou 27% este mês até quinta-feira, encaminhando-se para totalizar o mês de maior queda desde pelo menos maio de 2000.

O contrato de ouro para entrega imediata perdeu na sexta-feira US$ 2,18 ou 0,3%, passando a ser negociado a US$ 735,94 a onça em Londres. O metal caiu quase 16% este mês, em sua maior retração desde fevereiro de 1983, segundo dados da Bloomberg.

O Goldenport Holdings Plc, um armador registrado no Reino Unido, viu suas ações registrarem uma queda recorde em Londres, após informar que os negócios de frete marítimo de commodities estão "virtualmente paralisados". "O segmento de carga seca a granel virtualmente parou, com apenas um mínimo de transações sendo realizado em nível mundial", informou na sexta-feira Paris Dragnis, principal executivo da Goldenport, em comunicado. Os contratos de transporte de carga seca a granel envolvem principalmente o deslocamento de carvão, minério de ferro e grãos.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Bloomberg News)