Título: Redrado será o novo presidente do BC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 20/09/2004, Internacional, p. A-11
Inesperada, a saída de Prat-Gay foi considerada uma "decisão política", por vários analistas. O governo argentino substituiu na sexta-feira o presidente do Banco Central (BC), afastando uma de suas figuras mais respeitadas internacionalmente, no momento em que o país entra em uma fase crucial de reestruturação de sua dívida de US$ 100 bilhões. Em uma decisão inesperada, que surpreendeu os mercados financeiros, o governo informou que Adolfo Prat-Gay deve ser substituído pelo vice-ministro de Relações Exteriores, Martín Redrado.
Analistas afirmaram que Redrado é uma boa escolha para manter as finanças do país em boas mãos, à medida que a Argentina se recupera da dramática crise econômica de 2002. Prat-Gay, no entanto, era reconhecido pelos participantes do mercado financeiro como um rosto familiar de um governo que, no final das contas, acabou espantando muitos investidores em Wall Street.
"Ele estava trabalhando bem e uma mudança não é ideal", disse Eduardo Blasco, analista da consultoria Maxinver. "Foram questões políticas, e não técnicas".
Os bônus da Argentina, negociados em Nova York, caíram após a notícia, enquanto o peso se desvalorizou em 0,58 por cento. O chefe de gabinete Alberto Fernandez confirmou a troca na cúpula, mas não explicou os motivos da decisão do presidente Nestór Kirchner. O governo também nomeará um novo vice-presidente e três dos oito diretores. Prat-Gay, ex-executivo do J.P Morgan, assumiu o controle da instituição em dezembro de 2002, no início da recuperação da pior crise econômica do país.
Kirchner afirmou que espera nomeá-lo para outro cargo, quando seu mandato terminar, no fim deste mês. A mudança acontece em um momento em que a Argentina se encontra bem no meio de um difícil processo de renegociação da dívida pública.
Prat-Gay fazia parte de um pequeno grupo que se reuniu no mês passado com Rodrigo Rato, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, quando o país estava pedindo o adiamento do pagamento de sua dívida. Apesar disso, analistas ressaltaram que o BC não tem papel direto na reestruturação da dívida.
Redrado, formado em Harvard, também é visto com uma pessoa adequada para a função. "No final, não acho que terá muito impacto (a decisão)", disse o vice-presidente de pesquisa em mercados emergentes da Alliance Capital Management, Jim Barrineau. Redrado é um economista bem conhecido e ex-presidente do conselho comissão de valores mobiliários durante a presidência de Carlos Menem. No Ministério das Relações Exteriores, atuou como negociador-chefe de comércio.