Título: Saída da turbulência passará por emergentes, diz Lula
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/10/2008, Internacional, p. A11

SAN SALVADOR e Washington, 31 de Outubro de 2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a atual crise financeira global é sistêmica e não será resolvida sem a participação dos países em desenvolvimento. Em seu discurso na sessão plenária de chefes de Estado e de governo da 18 Cúpula Ibero-Americana, em El Salvador, Lula destacou que os atuais mecanismos internacionais foram incapazes de prever a crise e também não estão conseguindo resolver as suas conseqüências.

Lula afirmou também que os países emergentes não podem ser excluídos dos processos decisórios, pois muitas vezes são os mais atingidos. "É também necessário repensar os organismos financeiros internacionais, conferindo-lhes a indispensável capacidade regulatória", propôs, dizendo que todos os países são vítimas dos que "especulam com esperanças e vendem ilusões".

O presidente continua apostando em uma " conclusão rápida e exitosa da Rodada Doha". "Interna como internacionalmente, precisamos encontrar respostas que estimulem a economia real e promovam o crescimento."

O assunto principal das discussões no encontro de San Salvador foi a crise financeira global. Os mandatários ibero-americanos defenderam a convocação urgente para uma reunião de chefes de Estado e de governos na Organização das Nações Unidas (ONU), diante da gravidade da volatilidade dos mercados e da escassez de crédito.A atual crise deverá dificultar o financiamento de projetos de integração em infra-estrutura na América Latina, especialmente de interligação viária e eletricidade, advertiram os responsáveis das companhias destes setores em uma mensagem enviada ontem para a cúpula, que contará com a participação de 22 países. Tanto os governos quanto o setor privado "da América Latina terão que fazer frente a mercados muito mais exigentes", destacaram os empresários no documento.

Reunião do G20

Em El Salvador, o também Brasil pediu que a Espanha e outras nações emergentes participem da cúpula do G20, em 15 de novembro, em Washington, onde será discutida a crise financeira mundial, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Embora a Espanha não seja membro do G20, o premier espanhol, José Luis Zapatero, disse que seu país deve participar do encontro porque tem muitos pontos a abordar sobre o sistema financeiro.

O diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, viajará nos dias 8 e 9 de novembro para São Paulo, para apresentar um documento sobre lições da crise aos ministros das finanças e governadores de bancos centrais do G20, presidido atualmente pelo Brasil, que convocou uma reunião de emergência do grupo na próxima semana. Criado em 1999, o G20 é formado pelos países do G8 (Alemanha, França, Estados Unidos, Japão, Canadá, Itália, Reino Unido mais a Rússia), e países emergentes como Brasil, Argentina, México, China, Índia, Austrália, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Turquia e também a União Européia.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters e AFP)