Título: Operações do BC para conter câmbio vão a US$ 32,8 bilhões
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/10/2008, Finanças, p. B2
Brasília, 31 de Outubro de 2008 - Desde o agravamento da crise financeira internacional, em meados de setembro, as operações do Banco Central (BC) para tentar conter a disparada do dólar no mercado de câmbio atingiram US$ 32,8 bilhões, até anteontem, no total. Os dados foram apresentados ontem pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, aos senadores durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
A maior intervenção da autoridade monetária foi feita em swaps, por meio de leilões, que já somam US$ 20,1 bilhões do montante. As vendas de dólar feitas com o compromisso de recompra totalizam US$ 5 bilhões.
Os leilões de empréstimos em moeda estrangeira com garantias para o financiamento do comércio exterior, promovidos para apoiar as empresas exportadoras que enfrentam dificuldade de acessar crédito no mercado, somavam US$ 1,6 bilhão até terça-feira passada.
Por sua vez, as operações de swap reverso (nas quais os compradores recebem taxa de juros e o BC, como vendedor, ganha na variação cambial do período contratado) que não foram rolados atingiram US$ 1,5 bilhão. Essas quatro operações não "afetam" as reservas cambiais, nos atuais US$ 203,428 milhões, segundo a última posição da autoridade monetária.
A única atuação do BC que afeta o acúmulo de reservas em moeda estrangeira são as vendas de dólar (em espécie) no mercado à vista, conhecido como spot, que já somam US$ 4,6 bilhões.
Novas medidas
O presidente do BC afirmou que a instituição continuará atenta aos efeitos das turbulências internacionais e anunciou que "estamos estudando novas medidas a mais nesse conjunto que já foi anunciado (até ontem), no sentido de melhorar a liquidez do sistema financeiro.
Segundo informou Meirelles, a crise já dá sinais negativos nas operações de crédito na ponta. Os dados gerais do BC mostram que a média diária das concessões de crédito deve fechar este mês com queda de 5% em relação a setembro.
Segundo ele, a média diária de crédito caiu 18% na primeira semana deste mês, 15% na semana seguinte e na terceira semana deste mês recuou 13%. "Mas não se trata de uma paralisação do crédito", avaliou. Em setembro, a média diária das operações de crédito havia crescido 4,9% e nos últimos 12 meses, até o mês passado, apresentava alta de 9,9%.
Meirelles acredita que a linha de swap de moedas com o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, de US$ 30 bilhões, anunciada na quarta-feira, ajudará a melhorar a liquidez de crédito em moeda estrangeira no mercado interno. "Em uma operação de troca de moedas, o Banco Central do Brasil entregará ao Fed o equivalente a US$ 30 bilhões em reais e o Fed entregará ao Brasil US$ 30 bilhões, em dólar. E os valores serão adicionados nas reservas de ambos países", resumiu, ao tentar tirar a dúvida dos senadores.
(Gazeta Mercantil/Finanças