Título: BC muda regras para depósito a prazo
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/10/2008, Finanças, p. B2

Brasília, 31 de Outubro de 2008 - O Banco Central editou ontem nova circular que muda regras de recolhimento do depósito compulsório sobre os depósitos a prazo. O objetivo da medida é acelerar o processo de compra de carteiras de crédito de bancos pequenos por bancos maiores e, paralelamente, dar maior liquidez ao mercado. A partir de agora, o recolhimento obrigatório de 15% sobre os depósitos a prazo deverá ser feito com 30% em títulos públicos federais e 70% em espécie. Antes o recolhimento poderia ser feito, integralmente, em títulos públicos, que recebiam remuneração pela Selic.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que a medida pode fazer girar R$ 28 bilhões do compulsório. São recursos que bancos maiores poderiam usar para comprar carteiras, mas preferiam manter depositados sob a forma de compulsório, ganhando a remuneração da Selic.

A partir da nova medida, ou o recurso potencial é utilizado na compra de carteiras ou fica sob a custódia do BC, mas sem qualquer remuneração, na condição de recolhimento em espécie.

Desde que houve enxugamento da liquidez no mercado nacional, reflexo da crise financeira internacional, o BC lançou uma série de medidas que previa o uso do colchão de compulsório para reativar a movimentação do crédito. A medida original permitia que até 70% do total do compulsório dos depósitos a prazo poderia ser utilizado na compra de carteiras, mas muitas instituições preferiram deixar os recursos no compulsório, com a remuneração da Selic.

A partir da circular publicada ontem, o BC deixa claro que há duas opções: comprar carteiras ou deixar o dinheiro do compulsório que potencialmente poderia ser utilizado nessas operações sem qualquer remuneração.

Os ajustes produzidos pela circular 3.417 terão validade a partir de 14 de novembro, considerando período de cálculo entre 3 e 7 de novembro. Ou seja, há ainda duas semanas para que o sistema financeiro gere a movimentação de carteiras antes do "congelamento" da remuneração do compulsório.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ayr Aliski)