Título: ONU vota pelo término do embargo dos EUA a Cuba
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/10/2008, Internacional, p. A15

Nova York, 30 de Outubro de 2008 - A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou ontem pelo 17º ano consecutivo - e com votação recorde - uma moção pedindo o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba.

A resolução, sem caráter obrigatório, foi aprovada por 185 votos, com 3 votos contra (EUA, Israel e Palau) e duas abstenções (Micronésia e Ilhas Marshall).

A medida não terá qualquer impacto sobre a política do governo de George W. Bush, que no dia 10 havia chamado Cuba de "masmorra" e prometido não suspender o embargo enquanto houver presos políticos na ilha.

Da mesma forma, não se espera que os candidatos na eleição presidencial da semana que vem, Barack Obama e John McCain, abandonem o embargo. Obama, no entanto, é favorável a um afrouxamento parcial.

Desde 1992 a Assembléia Geral aprova anualmente uma moção pró-Cuba. No ano passado, foram 184 votos, com 4 contra e 1 abstenção. A votação deste ano foi a primeira desde a transferência formal da liderança cubana de Fidel Castro para seu irmão Raúl. O bloqueio econômico americano vigora desde o governo de John Kennedy, - é de 1962 - e foi endurecido na administração Bush.

Ao apresentar a resolução na ONU, o chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, disse que 70% dos cubanos passaram a vida inteira "sob esta política irracional e inútil", já estava em vigor quando Obama nasceu. O próximo presidente, disse Pérez Roque, "deve decidir se vai admitir que o bloqueio é uma política fracassada...ou se persiste, com teimosia e crueldade, para tentar derrotar o povo cubano por meio da fome e da doença".

Desafio a Obama

O governo de Cuba espera que, caso saia vencedor nas eleições americanas, o candidato democrata Obama seja "coerente" com sua promessa de mudança nos EUA e levante o embargo contra Havana, disse Pérez Roque. "O correto, o coerente em relação ao discurso de Obama, inclui mudar o bloqueio contra Cuba e manter relações normais e respeitosas com o país.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 15)(Reuters)