Título: Itaú e Unibanco serão banco global
Autor: Pinheiro, Vinícius
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2008, Finanças, p. B1

São Paulo, 4 de Novembro de 2008 - O setor financeiro brasileiro estremeceu nesta segunda-feira com o movimento de dois pesos-pesados: os bancos Itaú e Unibanco anunciaram a assinatura de um contrato de fusão das instituições. O negócio criará o maior banco brasileiro, o "maior conglomerado financeiro privado do Hemisfério Sul e um dos 20 maiores do mundo", nas palavras dos presidentes do Itaú, Roberto Setubal, e do Unibanco, Pedro Moreira Salles. Os planos para o novo grupo são ambiciosos e incluem transformar o banco em um competidor global no prazo de cinco anos.

Esbanjando bom humor, os dois executivos reuniram a imprensa para dar detalhes da operação. "Como o Itaú foi feito para mim, nada melhor do que unir-me a ele", brincou Moreira Salles, em referência ao slogan do ex-concorrente. Na prática, porém, a operação será a oposta. Não haverá desembolso de valores, apenas a incorporação das ações do Unibanco pelo Itaú, que passará a se chamar Itaú Unibanco Holding.

O controle da nova instituição será compartilhado entre a Itaúsa e a família Moreira Salles. O valor pelo qual o Unibanco foi avaliado não foi revelado, mas fontes do mercado estivavam algo em torno de R$ 26 bilhões. O futuro das marcas Itaú e Unibanco ainda não foi definido e dependerá de pesquisas de mercado, segundo os executivos, que garantiram que a fusão não levará ao fechamento de agências ou a um programa de demissões. "Fizemos esse negócio para crescer, não para reduzir custos", ressaltou Setubal. Ele reconheceu que haverá sobreposição em algumas áreas de atividade, mas disse que os ganhos de sinergia ainda não foram calculados. O primeiro resultado da associação, que ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central, deve ser a integração da rede de caixas eletrônicos.

O conselho de administração do Itaú Unibanco terá 14 membros, dos quais seis serão indicados pelos controladores. Moreira Salles será o presidente do conselho de administração e Setubal assume a presidência executiva do novo grupo e ficará responsável pelo dia-a-dia das operações. "Como o Itaú hoje possui uma rentabilidade maior, ninguém melhor para tocar o negócio do que ele", disse Moreira Salles. O negócio foi fechado durante o fim de semana, após 15 meses de negociações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em São Paulo, foi avisado da operação domingo à noite.

Ver também páginas B3 e B4(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Vinícius Pinheiro)