Título: Dólar sobe 0,38%, apesar de leilões do BC
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/11/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 6 de Novembro de 2008 - O dólar comercial fechou em alta ontem, colado na tendência de valorização frente ao euro e pressionado pela piora no desempenho das bolsas nos Estados Unidos e na Europa. As bolsas de Wall Street fecharam ontem com perdas superiores a 5%.

A moeda norte-americana encerrou com avanço de 0,38% para R$ 2,12 na venda, apesar das intervenções do Banco Central (BC). A divisa acumula ganhos de 0,27% no mês e 19,74% no ano. Nem as intervenções do BC conseguiram deter a subida do dólar. A autoridade monetária realizou ontem um leilão de swap cambial onde foram vendidos US$ 476 milhões, além de promover um novo leilão destinado a oferecer linhas de crédito aos exportadores.

Apesar da cotação da moeda norte-americana estar arrefecendo dos picos registrados em setembro e outubro, os dados do BC sobre o fluxo cambial e a posição dos bancos inspiram cautela. Segundo o BC, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 4,639 bilhões em outubro, o pior resultado desde a maxidesvalorização de janeiro de 1999.

O BC também informou que os bancos ampliaram as suas posições compradas em US$ 395,4 milhões para US$ 7,077 bilhões.

Reforçando o clima de cautela, a Braskem informou um prejuízo líquido de R$ 849 milhões no terceiro trimestre e que o efeito da desvalorização do real em 20,3% sobre o dólar impactou negativamente os seus resultados. "O mercado acredita que muitas empresas de médio porte fizeram operações de derivativos e vão divulgar prejuízos pela exposição cambial em breve", avalia o economista-chefe da corretora Coinvalores, Paulo Nepomuceno.

Segundo Nepomuceno, a tendência de médio prazo para o dólar comercial é de leve queda. "O câmbio está mais perto de R$ 2,00 do que de R$ 2,30", estima.

O mercado aguarda para hoje a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que trará informações sobre a decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) inalterada em 13,75%. "Apesar da manutenção, acredito que o efeito da alta do dólar já é sentido nos preços e que o BC pode retomar o aperto monetário ainda este ano", afirma Nepomuceno, que projeta uma elevação em 0,5 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do colegiado.

O mau desempenho das bolsas ontem também teve efeito nos contratos de juros futuros. O DI de janeiro de 2010, o mais líquido, registrou taxa anual de 15,38%, ante 15,27% do ajuste anterior.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes)