Título: FAB garante que compra de 36 caças não tem favoritos
Autor: Quadros, Vasconcelo
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/11/2008, Transporte, p. C2

Brasília., 6 de Novembro de 2008 - O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, garantiu ontem que o processo de compra dos 36 caças pela Força Aérea Brasileira, dentro do Projeto F-X2, está amparado em exigências técnicas e mandou um recado às três empresas - Boeing, Dassault e Saab - finalistas que disputam a preferência do governo brasileiro. "Não existe nenhuma favorita e nem tendência por qualquer delas. A tendência chama-se Brasil", disse o brigadeiro ao citar os pontos que o alto comando da Aeronáutica considera fundamentais para fechar o negócio: de transferência de tecnologia, compensações comerciais (Off-Set), além das condições técnicas e operacionais dos aviões.

Oficialmente a Aeronáutica não fala em cifras, mas este deverá ser o maior negócio do governo brasileiro para substituir a frota de caças, os Mirage 2000, F-5M e A-1M. Segundo avaliação do mercado, a compra envolve recursos da ordem de US$ 2,5 bilhões na primeira fase, cuja entrega começa em 2014. A médio prazo, o projeto prevê a compra de 120 aviões e a empresa vencedora no mínimo abriria caminho para conquistar a preferência de contratos futuros.

Saito lembrou que as empresas têm até o dia 2 de fevereiro para responder ao pedido de oferta encaminhado pela Comissão Gerencial do Projeto F-X2 e revelou que depois disso a Aeronáutica vai se debruçar sobre o assunto. "As propostas passarão por uma análise exaustiva. Vamos chamar a indústria, dentro do ritual que estabelecemos" disse. O brigadeiro garantiu que o fato da francesa Dassault, fabricante do caça Rafale, ter tido no passado uma parceria com a Embraer no processo de compra dos Mirage, não facilita a vida da empresa. "Não existe mais a parceria", explicou.

As três empresas, segundo ele, disputam em condições de igualdade. Incluída na segunda fase das negociações, a americana Boieng, fabricante do F-18 E/F Super Hornet, usa como trunfo a nova posição do governo americano que passou a concordar com a transferência de tecnologia. A sueca Saab, dona do caça Gripen NG, também acena com a possibilidade de atender as exigências da Aeronáutica e há 15 dias chegou a abrir um escritório em Brasília para estreitar as relações com o governo brasileiro.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem que as exigências técnicas que estão sendo observadas na compra dos caças mostram que o Brasil mudou o padrão de negociação. "O Brasil não se apresenta mais como comprador de prateleira", disse em entrevista durante o lançamento da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, ontem no Clube Naval, em Brasília. Nas negociações anteriores, além de comprar aviões usados, as exigências se limitavam a garantias de suprimento de peças de manutenção e treinamento de pilotos e mecânicos.

Depois de fevereiro, os especialistas que integram a Comissão Gerencial do F-X2 vão fazer visitas às fábricas das três finalistas para conhecer de perto os caças. Pela cronologia estabelecida pela Aeronáutica essa será a última etapa das negociações. O contrato com a vencedora deverá ser assinado até outubro do ano que vem.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Vasconcelo Quadros)