Título: Desembolso do BNDES deve superar meta
Autor: Americano, Ana Cecilia
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2008, Nacional, p. A4

Rio de Janeiro, 5 de Novembro de 2008 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) deverá ultrapassar este ano a meta inicial de R$ 85 bilhões em desembolsos, informou ontem no Rio de Janeiro o seu presidente, Luciano Coutinho. "Dado que este momento de crise não era esperado, há uma cobrança por um maior ativismo do banco e provavelmente ultrapassaremos essa marca", disse ele, após a abertura do IV Encontro de Instituições de Crédito Especializadas em Médio e Longo Prazos da América Latina e Europa.

O papel de bancos como o BNDES na América Latina e na Europa em tempos de crise foi a tônica do evento em seu primeiro dia. Segundo Coutinho, em momentos de crise financeira internacional é essencial a pró-atividade, para evitar que os efeitos de contaminação sejam desnecessariamente onerosos sobre a economia brasileira. O financiamento de capital de giro para as empresas ¿ devido à escassez do crédito nos bancos privados ¿, no entanto, ainda não está na pauta do banco. "Não vamos falar ainda sobre esse assunto", desconversou.

Ele tem a expectativa de que o setor privado volte a prover o crédito que as empresas precisam. E cobrou: "Não há razão, no caso brasileiro, para que o setor bancário privado contraia o crédito como ocorre nos países desenvolvidos, já que os nossos bancos não têm o mesmo nível de alavancagem que as instituições financeiras têm no exterior."

Para o dirigente, o anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco é positivo. Segundo ele, é o resultado da confiança dessas instituições na economia brasileira. "A fusão é uma estratégia de consolidação mirando, inclusive, a expansão do banco para uma atuação global", avaliou.

Na abertura do evento, Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, frisou a importância da experiência brasileira em crises financeiras anteriores. "Elas levaram o País a entender a importância da supervisão, pelo setor público, do setor financeiro", afirmou. Para ele, o resultado foi a construção de um sistema financeiro sólido, no qual as autoridades têm informações sobre os bancos e capacidade de intervir em tempo. Para ele, o País soube, também, adotar uma rígida disciplina fiscal sem abrir mão do investimento público na produtividade brasileira. Segundo Carvalho e Silva, os bancos de desenvolvimento não devem restringir sua atuação à promoção da produtividade da economia, mas também promover a sinergia regional, facilitando fluxos de investimentos, comércio e relações financeiras.

O aspecto mais preocupante da crise financeira internacional para Luis Rebolledo, presidente da Associación Latinoamericana de Instituciones Financieras para El Desarrollo (Alide), são os seus efeitos na economia real, junto aos setores produtivos. "Nesses casos, os bancos de desenvolvimento devem buscar mecanismos multilaterais para garantir o financiamento do crescimento e da inclusão social", concluiu.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ana Cecilia Americano)