Título: MPs anticrise serão teste de fidelidade
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Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2008, Política, p. A10
São Paulo, 5 de Novembro de 2008 - A medida provisória que permite a compra de bancos privados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - MP 443 - pode representar uma oportunidade de o PMDB sinalizar ao governo sua disposição de ocupar também a presidência do Senado. A votação da MP foi adiada de hoje para a próxima semana. Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), o adiamento vai dar mais tempo aos líderes para negociar a matéria.
Com a presidência da Câmara assegurada por um acordo com o PT, o PMDB almeja a presidência do Senado, fortalecido pelo resultado das urnas nas eleições municipais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende o nome de Tião Viana (PT-AC) para o posto, mas o senador petista enfrenta resistências no PMDB, que cogita lançar candidato próprio. "Não duvido que possam usar a 443 como massa de manobra. Aliás, esse é o caminho trilhado pelo partido nos últimos anos", disse o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), crítico do governo e, muitas vezes, do próprio partido. Às vésperas de ser votada na Câmara, a MP é alvo de críticas dos partidos de oposição, que enxergam uma suposta motivação estatizante do governo.
DEM e PSDB, no entanto, não têm maioria para derrotá-la. Talvez para satisfazer e esvaziar as reclamações da oposição, o relator da MP 443, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), disse ontem que pretende incluir na proposta um prazo de validade de dois anos, renováveis por mais dois. A justificativa é permitir que o próximo presidente da República decida pela manutenção ou não da medida. "A minha idéia é colocar no parecer dois anos renováveis por igual período, menos por causa da crise e mais por estar vinculado a um calendário eleitoral", explicou Cunha.
O petista disse ainda que estuda "com carinho" o artigo que retira a obrigatoriedade de realização de licitação para a compra de bancos públicos pelo BB e pela Caixa. "Com a incorporação do Unibanco pelo Itaú, criando um grande conglomerado, talvez seja importante a gente ter outros grandes bancos que possam competir nesse mercado cada vez mais concentrado", completou.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Redação)