Título: JBS tem lucro recorde com retomada de margens e câmbio
Autor: Batista, Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2008, Agronegócio, p. B12

São Paulo, 5 de Novembro de 2008 - O JBS S.A., maior frigorífico do mundo, surpreendeu o mercado ontem ao apresentar o maior lucro líquido de sua história no terceiro trimestre deste ano. Foram R$ 694 milhões, ante o prejuízo de R$ 78,3 milhões em igual período de 2007. Joesley Batista, CEO da companhia, delegou o bom desempenho à recuperação das margens das empresas deficitárias adquiridas no exterior e à valorização do dólar. "Sabemos que tempos difíceis estão por vir. Mas estamos preparados para as adversidades e vamos continuar crescendo. Nos preparamos para ter oportunidades não para ser uma oportunidade", afirma.

A variação cambial resultou em ganhos (contábeis) de R$ 423,9 milhões à companhia. O volume se refere ao efeito da alta do dólar nos ativos no exterior e da amortização do ágio na compra da JBS USA e SB Holding, Inc., operação que teve proteção de instrumentos de derivativos cambiais. "Não é permitido a nenhum departamento da empresa nenhuma exposição a risco financeiro. Todos os departamento são obrigadas a `zerar¿ suas exposições diárias, transação a transação", esclarece Batista.Independentemente do efeito positivo dessa variação cambial, os números do terceiro trimestre da JBS mostrou melhora na eficiência da empresa, na avaliação de Kleber Hernandez, analista da Gradual Corretora. Um indicador importante é o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que foi de R$ 470,5 milhões no período, ante os R$ 174,9 milhões do terceiro trimestre de 2007. Por conseqüência, a margem EBITDA desta companhia quase dobrou de 3,3% no mesmo período de 2007 para 6,1%.

Para surpresa do mercado, a companhia registrou aumento de margens na maior parte das unidades adquiridas no exterior, inclusive na deficitária Swift. Do segundo para o terceiro trimestre deste ano, a margem EBITDA da unidade de bovinos da JBS americana saltou de 5,1% para 5,6% e a receita líquida aumentou 4,8% no mesmo período, para US$2.755,8 milhões ante os US$2.630,0 milhões. De acordo com a companhia, o desempenho é resultado do aumento de suas receitas com exportação de US$846,3 milhões no segundo trimestre do ano para US$880,5 milhões e na alta do preço médio de venda de US$2,79 por quilo para US$3,12 no mesmo período. A unidade de negócios de carne bovina da JBS USA é a principal geradora de receitas com 43% do total.

A melhora das margens das unidades no exterior são resultados de uma série de medidas tomadas pela empresa para ganho de eficiência. A JBS investiu R$ 276,1 milhões no terceiro trimestre - não incluindo aquisições - nas suas unidades para otimizar a estrutura, como aquisição de equipamentos na para ganhos em eficiências operacionais.

Apesar da queda nas exportações para a União Européia, o JBS também teve crescimento nas suas operações o Brasil. Do segundo para o terceiro trimestre deste ano, o EBITDA cresceu 45,3%, de R$ 63 milhões para R$ 91,5 milhões. "Já temos aqui também algum efeito da valorização do dólar, que foi mais intensa a partir do dia 15 de setembro, e ainda da estabilidade no preço do gado no País. Com esse novo câmbio, o boi no Brasil deixou de ser o mais caro do mundo", acrescenta Batista. A receita líquida das operações brasileiras aumentou 27,6%, de R$1.148,9 milhões no segundo trimestre do ano para R$1.465,6 milhões no terceiro.

A alta do dólar trouxe também uma redução de aproximadamente 0,5 vezes na relação Dívida Líquida/EBITDA. Isso porque a JBS tem atualmente mais de 80% de sua geração de caixa em moeda americana e quase a totalidade de sua dívida é em moeda brasileira.

O resultado é que, mesmo com a elevação da dívida de R$ 2,2 bilhões para R$ 2,5 bilhões, a relação Dívida Líquida/EBITDA caiu de 2,8 para 2,3 vezes. "Isso significa que com o que a empresa gera de caixa em um ano, consegue pagar em 2,3 anos toda a sua dívida", explica Hernandez.

O CEO da JBS comparou a situação de endividamento da empresa com seus concorrentes nacionais e estrangeiros. "Enquanto a nossa relação dívida/EBITDA é de 2,3, a dos nossos concorrentes no Brasil é de 3,5 vezes e dos americanos, de 5,2 vezes.

Ontem, o valor das ações da companhia chegaram a subir 10% no dia, e fecharam em leve alta de 0,75%. "Acredito que o mercado está vendo que os fundamentos da empresa estão ficando claros", avalia Hernandez.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 12)(Fabiana Batista)