Título: Consolidação pode favorecer bancos menores, diz Indusval
Autor: Nascimento,Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2008, Finanças, p. B3

São Paulo, 12 de Novembro de 2008 - O movimento de consolidação no topo da pirâmide do sistema bancário brasileiro, que poderá se acentuar a partir da fusão Itaú-Unibanco anunciada na semana passada, abrirá brechas para aumentar os negócios realizados por instituições financeiras de menor porte, se concretizado, avalia Luiz Masagão Ribeiro, diretor-superintendente do Banco Indusval Multistock. O banco divulgou ontem os resultados do terceiro trimestre de 2008, quando registou um lucro líquido de R$ 19,3 milhões, 39,9% superior comparativamente a igual intervalo do ano passado, mas 13,5% menor ante o segundo trimestre, impactado pelo aumento nas provisões. No acumulado até setembro, o lucro somou R$ 58,22 milhões, alta de 86,7%, em decorrência do aumento das operações de crédito.

Na opinião de Ribeiro, grandes negócios são difíceis de prever, mas a disputa pelos primeiros lugares no ranking bancário poderá intensificar a consolidação entre os gigantes. O executivo não descarta também transações entre ou envolvendo bancos menores. Esse movimento, se confirmado, deixará os bancos envolvidos "mais pesados, pelo tamanho que adquirirem" e menos ágeis, abrindo espaço de crescimento para os de menor porte, tradicionalmente menos burocráticos e mais rápidos em negócios como os de concessão de crédito, por exemplo. "O tamanho da estrutura permite uma grande força em negociações, mas na hora da tomada de decisão, atrapalha a agilidade."

Os problemas de liquidez estão se atenuando, ressalta. Entretanto, o Indusval ainda permanece com o "pé fora do acelerador" na concessão de crédito. "Atendemos bem os clientes que já temos, mas nada de novos clientes." O caixa da instituição fechou setembro em R$ 283 milhões, 23,5% dos depósitos totais e um pouco acima dos 20% previstos pela sua política de liquidez. Ribeiro informa que hoje o caixa está parecido, apesar de os depósitos terem "caído um pouco". No total, os recursos captados subiram 114% na comparação anual e 20,3% ante o segundo trimestre, para R$ 1,78 bilhão em setembro. Os depósitos à vista, contudo, caíram 13,4% em relação ao segundo trimestre, a R$ 63,5 milhões, e os a prazo, 0,2%, para R$ 879,6 milhões. "Mas já voltaram a normalidade há cerca de 15 dias."

A carteira de crédito, formada basicamente por operações no middle market, quase dobrou em um ano, com alta de 95,6%, para R$ 1,99 bilhão em setembro. Em relação ao segundo trimestre, subiu 17,2%. A queda de 9% no volume de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), para R$ 304,7 milhões, foi o principal sinal da crise externa de crédito no balanço do banco. Ribeiro diz que, apesar de estar preparado para dobrar de tamanho no crédito novamente, isso não se repetirá.

Evitando projeções, afirma que "dezembro será menor que setembro, mas o final de 2009 será melhor." A redução da atividade econômica prevista para o próximo ano poderá afetar a capacidade de pagamento das empresas, e deteriorar a qualidade das carteiras. "Mas nada será drástico." Por isso, o banco já vem aumentando as provisões e finalizou setembro com R$ 51,7 milhões, R$ 6 milhões a mais que o valor exigido pelas regras. Excluindo esse excedente, o lucro do terceiro trimestre teria sido de cerca de R$ 22,5 milhões, 63% a mais em relação ao mesmo intervalo de 2007 e 0,9% superior ante o segundo.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Iolanda Nascimento)