Título: Correios contratam Cespe para seleção
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 10/03/2011, Economia, p. 10

Estatal vai oferecer 9.190 vagas em todo o país. Interessados devem se inscrever de novo Após um ano de atrasos, polêmicas e contestações do Ministério Público Federal, o megaconcurso dos Correios deu um passo à frente ontem. A estatal contratou o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) para organizar o certame e definiu o número de vagas. Serão oferecidas 9.190 em todo o Brasil. Dessas, 5.060 serão para carteiros; 2.272, para atendentes; e 1.014, para operadores de triagem e transbordo, funções que exigem nível médio. Outras 796 serão destinadas a analista de correios e 48, a profissionais de medicina e segurança do trabalho ¿ esses postos são reservados a quem concluiu alguma graduação. O Cespe vai embolsar R$ 32,7 milhões.

Como a empresa tem orçamento próprio, a seleção não entrou no corte de R$ 50 bilhões anunciado pelo governo. Por meio de nota, os Correios reafirmaram o ¿compromisso de realizar o concurso no primeiro semestre deste ano, com previsão de aplicação das provas em maio¿.

O certame será feito em substituição ao aberto em 2010, que ofereceu 6.565 vagas. Ao todo, 1.064.209 pessoas se inscreveram na seleção. Cancelado após suspeitas de irregularidade na contratação da organizadora, a Fundação Cesgranrio, o processo seletivo se tornou um dos principais desafios do novo presidente da estatal, Wagner Pinheiro. Agora, para evitar fraudes, o órgão garantiu que a aplicação das provas será acompanhada pela Polícia Federal.

Os candidatos inscritos no concurso lançado no ano passado podem resgatar as taxas até 11 de abril. Os valores variam de R$ 30 a R$ 60. Para tanto, é necessário ir a uma agência própria dos Correios, das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira, ou das 9h às 13h, aos sábados. Os concorrentes devem levar documento oficial de identidade com foto e, se possível, comprovante de inscrição.

A estatal recomenda que os candidatos reembolsem os valores, pois, para participar novamente, será necessário pagar a nova taxa. Os Correios ainda não divulgaram o valor das inscrições nem o dos salários. No concurso do ano passado, as remunerações variaram de R$ 706,48 a R$ 3.431,06 para uma jornada de trabalho de 44 horas por semana. Além dos vencimentos básicos, havia garantia de benefícios, como vale-alimentação, vale-transporte e assistência médica e odontológica.

COBRA DIVULGA LOCAIS DE PROVAS » A Cobra Tecnologia, empresa ligada ao Banco do Brasil, divulgou os locais de provas dos três concursos que selecionarão, ao todo, 5.013 profissionais. As avaliações objetivas serão aplicadas em 20 e 27 de março e em 3 de abril, conforme os cargos disputados. Segundo a Empresa de Seleção Pública e Privada (Espp), organizadora dos certames, mais de 90 mil pessoas disputam oportunidades em todo o país. Os concorrentes podem conferir os endereços na página www.esppconcursos.com.br.

Estatuto é engavetado O governo Dilma Rousseff não apenas suspendeu nomeações e concursos públicos, mas paralisou projetos que estavam em andamento para beneficiar os mais de 11 milhões de candidatos em todo o Brasil que estudam para os certames. Desde que anunciou, em setembro do ano passado, as linhas gerais das ações a serem implementadas para garantir segurança nas seleções públicas na esfera do Executivo federal, o Ministério do Planejamento nem sequer toca no assunto.

Logo após a deflagração da Operação Tormenta pela Polícia Federal, que descobriu uma quadrilha que fraudava concursos públicos federais em todo o país havia ao menos 16 anos, o governo garantiu que tomaria medidas. Para especialistas, a criação do grupo de trabalho para tratar do assunto, em junho do ano passado, foi apenas uma manobra para estancar a crise. Até agora, nada saiu do papel. Há pelo menos quatro meses, o Correio busca, sem sucesso, uma resposta do Planejamento sobre o andamento das reuniões. Na semana passada, o órgão informou que a secretária de Gestão, Ana Lucia Amorim de Brito, estava em viagem. Ontem, apesar de ela estar na cidade, não houve retorno.

Colaborador do grupo de trabalho, o presidente do Gran Cursos, José Wilson Granjeiro, também tenta contato desde o fim do ano, mas não conseguiu informações concretas. ¿De lá para cá, eles apenas publicaram um decreto sobre os exames psicotécnicos. Depois disso, nenhum ato foi editado¿, criticou. Preocupado com a situação, o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) e da Vestcon, Ernani Pimentel, encaminhou, em janeiro, solicitação para uma audiência com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Também não teve resposta. ¿Na realidade, o governo não está regulamentando nada. A comissão está paralisada¿, afirmou Pimentel.

Diretor do Complexo Educacional Damásio de Jesus, no Rio de Janeiro, Paulo Estrella aguarda informações. ¿O que aconteceu no ano passado foi uma ação paliativa para conter os problemas relacionados ao escândalo das fraudes. Precisamos, hoje, de um verdadeiro estatuto, uma lei que regulamente os certames¿, observou. Para Alexandre Prado, diretor do Concurseiro Urbano, a prioridade é estabelecer prazos mínimos e máximos entre o edital e as provas. (CB)