Título: Caixa disponibiliza recursos de R$ 2 bilhões para o varejo
Autor: Leite,Valéria Serpa
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/11/2008, Administração, p. C10

São Paulo, 13 de Novembro de 2008 - A Caixa Econômica Federal vai movimentar o varejo e estimular uma concorrência mais estreita entre os pequenos e médios varejistas e as grandes redes do setor, que possuem parcerias com instituições financeiras. A Caixa lançou ontem sua primeira linha de crédito para o varejo. Com o chamado de Crediário Caixa Fácil, a instituição atua dentro das lojas parcerias e concede crédito no ato da compra para o financiamento de bens de consumo, como eletrodomésticos, eletrônicos e materiais de construção.

O banco disponibilizou recursos de R$ 2 bilhões para a modalidade. Com os quatro primeiros contratos - assinados com as redes Baú Crediário (São Paulo), América Móveis (Santa Catarina), Tradição Móveis (Pernambuco) e Certel (Rio Grande do Sul) - serão disponibilizados R$ 100 milhões para aplicação nos primeiros 12 meses.

Dados da Caixa dão conta de que existem hoje no País 250 varejistas de pequenos e médio porte. Juntas somam cerca de 11 mil lojas, número forte o suficiente para fazer frente a grandes redes do setor como Casas Bahia (que possui o Bradesco com parceiro), Magazine Luiza (que concede crédito através da LuizaCred, uma associação com o Unibanco), Extra (FIC - Financeira Itaú CDB), por exemplo. "Já estamos negociando com empresas de outros estados: Pará, Rio de Janeiro, Brasília e mais um grupo de São Paulo", afirma o superintendente nacional da Caixa, Milton Kruger Júnior.

Com o novo produto a Caixa atua dentro das lojas parceiras e concedendo o crédito no ato da compra. O produto é destinado a pessoas físicas e o valor máximo do financiamento é de R$ 10 mil, com prazo de até 24 meses. "Trabalhamos com a capacidade de pagamento mensal do cliente, que deve ser de 25% a 30% de seu rendimento", afirma o gerente nacional da Caixa para Aplicação de Pessoa Física - Renda Básica, Jorge Pedro de Lima Filho.

O objetivo da Caixa é incentivar a demanda por bens de consumo e expandir o volume de concessão de crédito, atendendo, principalmente, a população de menor renda. "Em torno de 90% dos clientes dessas redes estão situados na média e baixa renda, que é o perfil da Caixa também", diz Lenza.

Apesar de lançada em um momento em que a possibilidade de restrição ao crédito ao consumidor já preocupa algumas varejistas, o vice-presidente de Pessoa Física da Caixa, Fábio Lenza, afirma que o Crediário Caixa Fácil não é uma estratégia criada para enfrentar a crise. "Já estávamos estudando esse segmento desde o ano passado para beneficiar as pequenas empresas do varejo que estavam em desvantagem no crédito", diz.

A Caixa não divulga as taxas de juros. Segundo a instituição são prefixadas de acordo com o mercado de cada varejista. Afirma, no entanto, que devem permitir uma redução de meio a um ponto porcentual nas taxas praticadas hoje pelas varejistas parceiras.

O Baú Crediário (antiga Lojas do Baú), do Grupo Sílvio Santos, que possui hoje 18 pontos-de-venda, estima um incremento de 20% no faturamento por loja - hoje de cerca de R$ 600 mil - por conta do estímulo da linha de crédito da Caixa. "Cerca de 98% das nossas vendas são feitas hoje pelo crediário", afirma o presidente do Grupo Sílvio Santos, Luiz Sebastião Sandoval. A varejista trabalha hoje com o Banco Panamericano e com a financeira Credial.

Para a Tradição Móveis, uma rede pernambucana com 67 lojas, o acordo com a Caixa deverá possibilitar um aumento superior a 20% em seu faturamento, que anualmente é de R$ 100 milhões. "Entre 80% e 90% das nossas vendas são feitas no carnê. Até agora financiávamos com crédito próprio", diz Marcos Fruvia, supervisor geral da empresa. Com dez anos de mercado, a Tradição está presente na Paraíba (sete lojas), Bahia (nove lojas), Piauí (duas lojas) e Pernambuco (49 lojas) . "Só em cidades de pequeno e médio porte, onde outras não querem ir."

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 10)(Valéria Serpa Leite)