Título: China anuncia pacote de US$ 586 bilhões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/11/2008, Internacional, p. A13

Pequim, 10 de Novembro de 2008 - A China prometeu um plano de estímulo de 4 trilhões de iuanes (US$ 586 bilhões) para impulsionar a demanda doméstica e ajudar a quarta economia do mundo a sair da crise mundial de crédito, afirmou a agência de notícias Xinhua.

Os recursos, equivalentes a quase um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) da China, serão empregados até o final de 2010, informou o Conselho de Estado com sede em Pequim. O Conselho de Estado anunciou ainda uma mudan-ça para uma política monetária "moderadamente frouxa", possivelmente antecipando novas reduções dos custos de empréstimos após três cortes nas taxas de juros desde meados de setembro.

O banco central da China já relaxou a sua postura de "apertada" para "prudente e flexível" no meio do ano à medida que a inflação amenizou e o crescimento econômico começou a desacelerar.

"Com a intensificação da crise financeira global nos últimos dois anos, o governo precisa tomar políticas macroeconômicas flexíveis e prudentes para lidar com a situação complexa e inconstante", afirma um comunicado retransmitido pela Xinhua.

Autoridades têm sinalizado medidas para impulsionar a demanda desde que o crescimento do PIB desacelerou para 9% no terceiro trimestre, dos 10,4% na primeira metade do ano.

As condições econômicas pioraram em outubro. Ainda assim, economistas ficaram impressionados com o tamanho do pacote, que soma quase 14% da produção econômica anual distribuídos em pouco mais de dois anos.

A China toma medidas para elevar sua economia, a maior contribuição para a expansão global, menos de uma semana antes do presidente Hu Jintao ir para Washington manter conversações com líderes mundiais a respeito das maneiras de retomar o crescimento.

A China respondeu por 27% do crescimento global da economia no ano passado, mais do que qualquer outro país, segundo estimativas do FMI. O presidente do Banco Popular da China (banco central), Zhiou Xiaochuan, disse que elevar os gastos domésticos é a melhor maneira da China ajudar a evitar uma recessão mundial prolongada.

Taiwan, que tem na China sua maior parceira comercial, reduziu as taxas de juros pela quarta vez em dois meses depois que as exportações registraram o maior recuo em três anos em outubro. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), o Banco Central Europeu e o Banco do Japão baixaram todos seus índices referenciais nas duas últimas semanas, assim como o Banco do Povo da China."Nos últimos dois meses a crise financeira global tem se intensificado diariamente", disse o Conselho de Estado no informe de sábado. "Devemos ser rápidos e rigorosos na expansão dos investimentos", informou, acrescentando que o banco central irá perseguir uma política monetária "moderadamente liberal".

O pacote de ajuda, para o qual 100 bilhões de iuanes (cerca de US$ 14,6 bilhões) foram destinados para este trimestre, pende para os aluguéis imobiliários baixos, infra-estrutura em áreas rurais como em estradas, ferrovias e aeroportos, disse o Conselho de Estado.

O governo permitirá deduções de taxas para compras de ativos fixos como maquinaria para estimular o investimento, medida que, de acordo com as previsões, reduzirá os custos das empresas em 120 bilhões de iuanes, que corresponde a cerca de US$ 17,5 bilhões.

Além disso os preços de compra de grãos e subsídios para os produtores agrícolas serão elevados, assim como as provisões para os consumidores urbanos de baixa renda. O governo também descartou as quotas de empréstimos para ajudar a elevar os empréstimos para as pequena empresas.

O plano de apoio deverá elevar as ações da China , disse Ben Simpfendorfer, economista do Royal Bank of Scotland Group, em Hong Kong. "O pacote será positivo para o mercado de ações, mas de novo precisamos ver resultados", alertou Simpfendorfer.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)(Bloomberg News e Reuters)