Título: Lucro vai a R$ 5,86 bilhões até setembro
Autor: Nascimento,Iolanda e Feltrin,Luciano
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/11/2008, Finanças, p. B1

14 de Novembro de 2008 - O Banco do Brasil (BB), cujo lucro de R$ 5,86 bilhões até setembro aumentou 52,5%, reafirmou ontem sua estratégia de crescer no mercado de financiamento de veículos por meio de aquisição de carteiras e até de compra de instituições. Nesse segmento, em que ingressou apenas em 2006, o banco detém cerca de 4% de participação. Entretanto, a parceria firmada este ano com o banco sul-africano FirstRand Limited para operar em veículos no Brasil parece estar em banho-maria. Com investimento total de R$ 1,31 bilhão em dois anos e início das operações previsto para o começo do próximo semestre, o presidente do BB, Antônio Francisco Lima Neto, limitou-se a dizer ontem, durante a apresentação do balanço, que o negócio continua sendo tocado, não sofrendo interferências das novas estratégias, porém, sem data definida.

Os principais destaques do desempenho do banco, além do crescimento expressivo do lucro, foram o aumento das operações de crédito - que ainda não consideram as novas compras de carteiras - e dos depósitos, afirmou o vice-presidente do BB, Aldo Mendes. Resultado particularmente do incremento na concessão de crédito e do aumento das receitas, o lucro líquido sem efeitos extraordinários totalizou R$ 2,03 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma evolução de 24% quando comparado ao obtido em igual período do ano passado e 39,2% maior ao registrado entre abril e junho deste ano. Com efeitos, como passivos e créditos tributários referentes ao recém-incorporado Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), o lucro foi de R$ 1,86 bilhão, com alta de 36,9% e 13,6%, respectivamente.

Lima Neto informou que, com as medidas de liberação de depósito compulsório implementadas pelo Banco Central (BC) para minimizar os problemas de liquidez, o BB já analisou R$ 17,1 bilhões em carteiras de crédito e fechou R$ 5,9 bilhões em aquisições em outubro, concentradas em consignado (44%), veículos (27%) e pessoa jurídica (29%). Conforme Mendes, a compra de carteiras já era usual e soma cerca de R$ 8,2 bilhões. No total, a instituição controlada pelo governo federal tem R$ 14,89 bilhões de compulsório liberado para aplicação nas áreas estipuladas pelas medidas do BC, sendo R$ 6,96 bilhões para a compra de carteiras de crédito. O presidente do BB preferiu manter em sigilo as instituições que venderam as operações.

Carteira de crédito

A carteira de crédito somou R$ 202,2 bilhões ao final de setembro, uma expansão de 34,6% em um ano e de 6,4% comparativamente ao trimestre anterior. Segundo o BB, a carteira doméstica cresceu 37,5%, o que rendeu à instituição uma participação de 16,5% no total de crédito do sistema financeiro nacional. As operações direcionadas ao consumo subiram 45,4% em 12 meses e encerraram setembro, incluindo o Besc, em R$ 42,9 bilhões. O crédito consignado evoluiu 32%, para R$ 14,5 bilhões, e os empréstimos para veículos, 151,7%, alcançando R$ 5,6 bilhões. No trimestre, o crescimento da carteira de veículos foi de 19,3%.

Somando a carteira do Besc, os financiamentos para as empresas cresceram 43% em um ano e 9,1% no trimestre, totalizando R$ 85,3 bilhões em setembro. As micro e pequenas empresas responderam por R$ 32 bilhões e os segmentos corporate, grandes e médias empresas, por R$ 53,3 bilhões. Principal operação, as linhas de capital de giro tiveram um incremento de 74,8% na base comparativa anualizada, chegando a R$ 41,2 bilhões em setembro. Já as de financiamento a investimento somaram R$ 17,1 bilhões, com alta de 47,6%. As linhas de agronegócio, foco do BB, foram a R$ 60,5 bilhões em setembro, crescimento de 24,9% em um ano e queda de 1,8% no trimestre, atribuída "à quitação de operações em decorrência do fim da safra 2007/2008". Conforme Mendes, a inadimplência está sob controle, ficando em 2,6% do total do crédito em setembro, para atrasos acima de 60 dias, caindo para 2,2% em outubro.

As captações totais atingiram R$ 247 bilhões. O patrimônio líquido de R$ 27,88 bilhões subiu 20,9%, com retorno evoluindo de 26,3% no terceiro trimestre de 2007 para 30,5% este ano. O índice de eficiência melhorou de 50,8% para 46,5%.

I.N.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(I.N.)