Título: Compra da Nossa Caixa segue sem atrasos, diz Banco do Brasil
Autor: Nascimento,Iolanda e Feltrin,Luciano
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/11/2008, Finanças, p. B1

14 de Novembro de 2008 - O presidente do Banco do Brasil (BB), Antônio Francisco Lima Neto, disse ontem que as negociações para a compra do Banco Nossa Caixa, controlado pelo governo paulista, ainda não foram concluídas, negando rumores do mercado que afirmam que o negócio já teria sido finalizado, por valor entre R$ 6,4 bilhões e R$ 7 bilhões. A transação estaria apenas na dependência do retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser anunciada. O presidente Lula participa de encontro do G20 em Washington e retorna ao Brasil no domingo. Na segunda-feira, estará em evento em São Paulo. "Faltam definir alguns itens e não há valor definido. São duas instituições grandes e não há como concluir neste momento." Ele observou que não há atrasos, mas não confirmou se as negociações se encerram neste mês, como havia previsto anteriormente.

Lima Neto também não confirmou se o BB avalia a aquisição do Banco Votorantim, outra especulação de mercado já precificada -em torno de R$ 7 bilhões para ficar com cerca de metade da instituição financeira da família Ermírio de Moraes. O executivo ressaltou, contudo, que as especulações são razoáveis em um mo-mento favorável à concentração do setor e que o BB tem analisado oportunidades. "A união entre dois grandes players (Itaú Unibanco) movimenta a arena do varejo e traz conseqüências competitivas. Os outros grandes podem olhar as novas perspectivas e o BB, como grande banco de varejo que é, também."

A estratégia de crescimento do banco federal por meio de aquisições, entretanto, não é oriunda da crise e foi iniciada há dois anos, quando começou a analisar instituições públicas, disse. O BB já incorporou o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) este ano e nesta semana fechou a compra do Banco do Piauí. Além da Nossa Caixa, avalia a aquisição do Banco de Brasília. "Um banco com o tamanho do BB tem que ter oportunidade de crescimento inorgânico, senão ficaria em desvantagem. Organicamente não dá para crescer muito e sem aquisições o BB estaria condenado a crescer marginalmente."

As decisões sobre as potenciais aquisições, ressaltou, não sofrem interferência do controlador, o governo federal, e seguirão a estratégia do banco de buscar sinergias e complementariedade, ou seja em regiões específicas e no segmento de financiamento a veículos, nos quais a instituição paulista se encaixa plenamente. "Não vamos fazer aquisições a qualquer custo, queremos algo que construa valor." A expansão no varejo internacional também foi citada por Lima Neto como exemplo de estratégia de crescimento de uma instituição bancária que tem probabilidade de sucesso. "O BB já tem presença internacional importante."

Formas de pagamento

A expectativa para o banco que já foi o maior da América Latina, afirmou, é de inexorável crescimento. "Ele não pode ser estagnado, médio. Tem que aumentar a musculatura de ativos para ter escala." Esses ativos poderão ser adquiridos sob diferentes formas de pagamentos, como a troca de ações, "cash" ou um mix de ações e dinheiro, de acordo com o executivo.

Ao concretizar a compra da Nossa Caixa, o BB adquire R$ 53,4 bilhões em ativos, que somados aos seus R$ 459 bilhões resultaria em uma instituição com cerca de R$ 513 bilhões, já contabilizados Besc e Banco do Piauí. O Itaú Unibanco tem R$ 575 bilhões e o BB precisaria de praticamente um Votorantim inteiro (R$ 73,4 bilhões em ativos, em junho) para ficar na sua frente.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Iolanda Nascimento e Luciano Feltrin)