Título: Dólar dispara 4% e crava quarto dia de alta
Autor: Góes,Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/11/2008, Finanças, p. B2
São Paulo, 14 de Novembro de 2008 - O cenário internacional negativo voltou a pressionar a cotação do dólar, que cravou no pregão de ontem a quarta alta consecutiva. A intensa volatilidade nas bolsas de Wall Street, um dia após o secretário do Tesouro, Henry Paulson, ter recuado do plano de compra de ativos podres das instituições financeiras, atingiu o mer-cado doméstico, pressionando o dólar e puxando para cima os contratos de juros futuros.
Outro fator que tem reflexos na cotação do dólar é a forte queda do preço das commodities, em especial no preço do barril de petróleo, que é negociado no mercado de Nova York abaixo de US$ 60.
"A queda das commodities impacta o dólar por duas vias: ela atinge diretamente os preços das ações de blue chips, como da Vale do Rio Doce e da Petrobras, puxando para baixo a Bovespa e gerando um fluxo de saída de recursos estrangeiros. Outra via é a balança comercial, tendo impactos diretos na economia real", avalia o sócio-diretor da Rosenberg Associados, Dirceu Bezerra.
"O patamar baixo no preço das commodities compromete toda a pauta de exportações. Piora a balança comercial, a balança de pagamentos e os investimentos externos", explica a diretora da corretora de câmbio AGK, Miriam Tavares.
Intervenção do BC
No pregão de ontem, a autoridade monetária realizou várias intervenções no mercado para conter a volatilidade do dólar.
O Banco Central (BC) vendeu por duas vezes dólares no mercado à vista à taxas de R$ 2,3220 e R$ 2,3750 e promoveu mais dois leilões, no qual foram vendidos 10 mil contratos de swap cambial no valor total de US$ 493,10 milhões e mais US$ 1,302 bilhão em empréstimos com garantia em Antecipação de Contrato de Câmbio (ACC) para melhorar o comércio exterior.
Nada disso foi suficiente para conter a escalada da moeda, que encerrou o pregão de ontem com valorização de 4%, para R$ 2,378 na venda. A divisa acumula ganhos de 24,96% no mês e 33,75% no ano.
Ontem, o BC também determinou que os bancos devem recolher a exigibilidade adicional dos compulsórios sobre depósitos a prazo, à vista e poupança em títulos públicos, não mais em dinheiro.
As empresas que estão compradas em dólar no mercado futuro e os fundos hedge que apostam na alta da moeda ainda oferecem resistência para a queda da divisa a patamares próximos a R$ 2,10.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes)