Título: BC leiloa US$ 1,3 bi em linhas de ACC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2008, Finanças, p. B3
Brasília, 14 de Novembro de 2008 - O Banco Central realizou ontem mais um leilão para ofertar dólares das reservas internacionais e suprir linhas de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE). Para atender a um pleito de tradings, agricultores e bancos, o governo elevou o prazo para o início do pagamento de seis meses para um ano. A autoridade monetária ofereceu US$ 2 bilhões e foram vendidos US$ 1,302 bilhão.
O objetivo da medida, que prevê a venda e recompra dos recursos pelo BC, é garantir crédito ao setor exportador afetado pela falta de liquidez no sistema financeiro diante da crise mundial. Na prática, a medida pode beneficiar também os bancos, que terão mais tempo para devolver os recursos ao Banco Central.
O leilão de ontem foi o segundo no sentido de ajudar os exportadores injetando dólares na praça. O primeiro foi realizado no início deste mês, ainda com prazo de seis meses, para pagamento em 8 de maio do próximo ano, que leiloou U$ 1,453 bilhão dos US$ 2 bilhões ofertados. Para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a medida atende as reivindicações dos exportadores. "Eles precisam de um prazo adequado com a capacidade de pagamento do produtor", disse o assessor técnico da entidade, Ademiro Vian.
A decisão do BC foi tomada depois de reunião feita com os setores exportador e agrícola, sobretudo tradings (Bunge, ADM e Cargill), na terça-feira, e representantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central e do Ministério da Agricultura e Febraban. A reunião foi convocada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que queria saber o motivo pelo qual as tradings enfrentavam dificuldades de acessar crédito no sistema financeiro.
No leilão realizado ontem, foram aceitas 12 propostas em que os compradores pagarão comissão equivalente à Libor (taxa de juros do mercado londrino) mais 1,50%. A data de liquidação da venda é no próximo dia 17, com taxa de R$ 2,317, e a recompra no dia 17 de dezembro, à taxa de R$ 2,33, segundo a Agência Brasil. Se os recursos não forem totalmente emprestados, os dólares serão devolvidos às reservas internacionais.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Viviane Monteiro)